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quinta-feira, 20 de junho de 2013

Mais um vale condenado...

Sim, parece que agora já não há problema em se fazerem por aí barragens a torto e a direito, com património classificado (de interesse mundial, até), ou sem ele...
Aqui fica. Sem comentários:

UNESCO aprova barragem de Foz Tua
in: Porto dos Museus - http://www.pportodosmuseus.pt/?p=78595&utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+pportodosmuseus%2FrxgW+%28pportodosmuseus%29&utm_content=Yahoo%21+Mail

NOTA - Relembramos apenas (para memória futura) que o Público foi um dos jornais que mais encarniçadamente se destacou na campanha de imprensa anti-Côa...

terça-feira, 13 de abril de 2010

Dia Internacional dos Monumentos e Sítios

No próximo Domingo, dia 18 de Abril, comemora-se o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, tendo o ICOMOS (Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios - ver: http://icomos.fa.utl.pt/ ; http://www.icomos.org/) designado como tema a celebrar, no presente ano, o Património associado à actividade agrícola e ao mundo rural em geral.

Para assinalar esta data na nossa região, o Município de Torre de Moncorvo, a Junta de Freguesia de Adeganha, o Museu do Ferro & da Região de Moncorvo e o PARM, decidiram promover um “Circuito Cultural pelo Património Rural das freguesias de Adeganha e Cardanha”, numa zona do concelho de particular encanto, mas em que a desertificação humana, a construção exógena e até o caso do "negócio" da delapidação de muros rústicos divisórios de propriedades, levados para Espanha "por dez réis de mel coado", já se fizeram sentir.
Pretende-se também com esta iniciativa sensibilizar as populações dos locais visitados, bem como todos os interessados nesta iniciativa, para a necessidade da preservação não só do Património Cultural em geral, mas também do chamado Património Rural, onde mergulham fundamente as raízes de muitos de nós.


Programa do Circuito Cultural previsto para o próximo dia 18 de Abril (Domingo):

9.00 h – saída de Torre de Moncorvo (a partir da Praça Francisco Meireles)
9.30 h – Visita ao Miradouro de S. Gregório e área adjacente, observando-se o que resta dos antigos muros divisórios de propriedades.
10.30 h – Paragem nos Estevais da Vilariça, com breve visita à povoação.
11.00h – Visita à povoação da Póvoa.
11.30 h – Passagem pela Cardanha
12.00 h – Chegada à Adeganha, com visita pela aldeia.
13.00h - Almoço (em princípio na Foz do Sabor).

Esta actividade é gratuita (excepto o almoço), sendo necessária a inscrição prévia, através dos seguintes contactos: telefones: 279 252 724, 279 258 350, 279 989 301; e-mail: museu-ferro@hotmail.com; helena.pontes@torredemoncorvo.pt; juntaadeganha@sapo.pt.
Participe!
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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Vandalismo em redor da igreja matriz de Torre de Moncorvo

A igreja matriz de Torre de Moncorvo, monumento nacional desde 1910, é, justamente, o ex-libris desta vila. Uma obra grandiosa que custou um esforço colossal aos nossos antepassados, que carregaram alguns milhares de toneladas de pedras de granito, desde pedreiras algo distantes, localizadas algures no termo do Larinho, com os meios rudimentares da época (carros de bois), e as esculpiram à mão, com o saber e a arte de homens que tiveram uma longa aprendizagem, normalmente passada de pais para filhos ou de mestres para discípulos.
Por tudo isto, independentemente do aspecto religioso, este monumento deveria merecer-nos o maior RESPEITO. Todavia, infelizmente, como bem diz o nosso conterrâneo e Amigo, Professor Rentes de Carvalho, parece que o respeito morreu, ou, no mínimo, se "acanalhou" (ver, a propósito: http://tempocontado.blogspot.com/2009/08/respeitinho.html)

Vem este arrazoado a propósito dos diversos atentados de que a nossa igreja tem sido vítima. Há uns anos a esta parte, são os "graffitis" nas traseiras, cujos casos já têm culminado em Tribunal, dando lugar depois a complexas e dispendiosas operações de remoção. Tudo isto porque há quem não se preocupe em vender latas de tinta em spray a adolescentes "inconscientes" e, por outro lado, estes, parece que cada vez mais inconscientes e desresponsabilizados, não encontram melhor lugar do que este para escreverem o que lhes vem à cabeça.

Mas, para além dos "graffitis", agora são também os elementos escultóricos que são atingidos. No ano passado (2008) foi atirado abaixo um pináculo rematado por uma bola de pedra, tendo partido, ao cair. alguns degraus das escadas de acesso ao adro, próximo da fachada principal.
Mais recentemente, a empresa que fez a obra de rectificação do adro do lado Poente, deixou outros pináculos e respectivos remates esféricos em granito, encostados às traseiras da igreja. Os jovens noctívagos não encontraram melhor passatempo do que rolar as bolas de pedra pelas ruas da vila, obrigando posteriormente à sua recolha no alpendre do lado Sul.
No entanto, como parece que não houve quem tivesse solicitado à dita empresa o resguardo dos ditos elementos escultóricos, temporariamente retirados dos seus locais próprios, para onde ninguém lhes mexesse (como p. ex. o referido alpendre do lado Sul), era facilmente previsível que a sanha vandálica se viesse a exercer sobre estas peças. Resultado: foi há dois dias partido um dos pináculos, o mesmo podendo acontecer com os dois restantes.
De resto, parece que a falta de cuidado da empresa que executou a obra (muito deficientemente, diga-se de passagem), já tinha estropiado a extremidade de um dos remates triangulares de um dos pináculos.
A peça derrubada acabou por partir-se em três fragmentos, sendo agora praticamente impossível de se emendar, pelo que a solução terá de passar pela substituição da peça antiga por uma nova, sem valor histórico. É caso para se dizer que em Portugal, onde não houve guerras com a violência da Guerra Civil espanhola, nem fomos atingidos pelas Guerras Mundiais, conflitos que lesaram gravemente o património do resto da Europa, a pontos de serem poucos os monumentos que possuem integralmente originais, nós por cá, não tendo isso, temos em contrapartida a ignorância e a falta de cidadania de um povo que não estima nem ama o seu Património.
E quando julgávamos que as gerações mais novas poderiam ter outra atitude, deparamo-nos com estas tristes situações.
Há ainda os vidros de garrafas partidos, juncando o adro, a urina e a conspurcação pelos cantos.
Defendemos, em dado momento, que uma forma de animar o Centro Histórico seria a abertura de bares e cafés, com respectivas esplanadas, que atraísse gente, nomeadamente juventude para estas zona, como víramos em outras cidades europeias e peninsulares (p. ex. Salamanca, Santiago de Compostela, etc.). Hoje estamos a pontos de rever essa nossa ideia e a confessar a nossa desilusão, quando constatamos o impacto negativo que está a acontecer no Património e no asseio das vias públicas, para além do adro da igreja.

Na ausência de civilidade, é caso para se perguntar: por onde andam as autoridades?
Sendo certo que não é com repressão que se resolvem estes problemas, mas sim através do processo educativo (que começa em casa) e pela consciencialização progressiva, não deixa de ser também verdade que uma maior vigilância poderia dissuadir certo tipo de desacatos e de "divertimentos"...
Talvez também seja necessário rever os horários destes bares, nesta zona.

Bem perto deste muro do adro há caixotes metálicos onde se poderiam meter as garrafas vazias (algumas ainda semi-cheias). Fica o apelo aos jovens: será que é muito difícil meterem este vasilhame nos ditos contentores?

Por outro lado, não seria melhor acariciar as pedras antigas, em vez de as deitarem abaixo, deixando cicatrizes insanáveis em degraus desgastados pelo tempo e pelos milhões de pés que por eles passaram, dando-lhes precisamente esse valor histórico que lhes vem da sua antiguidade?
O que temos agora são pedras magoadas, como magoadas são estas nossas palavras, ao constatarmos esta falta de respeito pelo que é nosso, pelo que é de todos, pelo monumento mais importante que sempre deu carácter a esta vila...
Fica o apelo: divirtam-se, mas sem estragar! Respeitem um Património que é vosso também, Ok?

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Escorial de S. Pedro (Mós) - revolvimento profundo


Uma das marcas mais características da actividade metalúrgica de produção de ferro, no concelho de Torre de Moncorvo são os escoriais. As escórias eram a parte rejeitada no processo de fundição, por aí se concentrarem mais elementos não ferrosos e bolhas de ar.

Escoriais de ferro, em redor da Serra do Roboredo. A seta indica o escorial de S. Pedro (mapa disponível no Museu do Ferro, public. no respectivo Catálogo, edit. em 2002)

Em redor da serra do Roboredo e em certas povoações como Felgueiras, Felgar, Souto da Velha, Carviçais e Mós, são frequentes estas concentrações de escórias de ferro, chamadas popularmente "escouradais". É de supor que nesses locais, no subsolo, se encontrem alicerces de fornos de fundição e outros vestígios, pelo que foram incluídos, há anos, no inventário do património do concelho de Torre de Moncorvo.

Terreno onde se encontrava o escorial, agora revolvido. Ao fundo encontra-se a capela de S. Pedro (fotografia de João Pinto V. Costa)

Um desses escoriais era o que se encontrava próximo da capela de S. Pedro, freguesia de Mós, num terreno onde estava um amendoal. Passando recentemente pelo local, vimos que este tinha sido completamente surribado, pelo que todo o subsolo foi afectado, perdendo-se irremediavelmente toda a informação arqueológica eventualmente existente.

Algumas escórias de ferro ainda visíveis no terreno (foto de João P. V. Costa)


Embora não sabendo a cronologia de muitos desses escoriais, sabemos que são anteriores ao séc. XIX, pois a actividade metalúrgica ancestral terá terminado, na nossa região, nos fins do séc. XVIII, com a expansão da Revolução Industrial em Inglaterra e, depois, nos países mais desenvolvidos da Europa.
No caso de Mós, sabemos que a exploração do ferro remonta, pelo menos, ao século XVI, pois que o Dr. João de Barros, na sua Geografia de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes (1549), refere aí o fabrico do ferro, com o pormenor curioso de as mulheres estarem a dobar e a fiar nas suas rocas (com as mãos), e ao mesmo tempo, tangerem "com os pés os folles, enquanto os maridos fazem o ferro".

Por este motivo, e já que aqui "o ferro é a alma da terra", impõe-se a classificação urgente de todos os escoriais de ferro como Valores Concelhios, após a definição das respectivas áreas de dispersão de vestígios.