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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Comemorações dos 150 anos do Abade Tavares


No seguimento do Protocolo celebrado em 19.03.2018 entre o Município de Torre de Moncorvo, Juntas de Freguesia de Carviçais e da Lousa e também a nossa associação, é assinalado no presente ano o 150º aniversário do nascimento do Pe. José Augusto Tavares, abade de Carviçais.

(clicar na imagem para AMPLIAR)

O Abade Tavares, foi arqueólogo, etnógrafo, filólogo e erudito investigador nascido na Lousa em 1867 e falecido em Carviçais em 1935, sendo o pioneiro dos estudos arqueológicos no sul do distrito de Bragança (parte do concelho da Carrazeda de Ansiães, junto à sua terra natal, concelho de Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta.

Sempre o grupo do P.A.R.M., constituído em 1983 e instituído como associação em Novembro de 1986, considerou o ABADE TAVARES como seu patrono, tendo revisitado nesses já distantes anos 1980's a totalidade dos sítios por ele (re)descobertos.
Nunca esquecemos o seu esforço pioneiro no sentido da criação de um MUSEU em Moncorvo, e tomámos a peito essa bandeira, tendo recuperado o Museu do Ferro da Ferrominas quando esta empresa foi encerrada, e não desistindo do intento de o ampliarmos como Museu representativo da região, com o produto de anos e anos de trabalho de prospecções, escavações e outras recolhas.

Por isso, tendo-se completado há dias 32 anos sobre a formalização legal do PARM, é com enorme satisfação que vemos que o abade Tavares não foi esquecido, e será amanhã lembrado, tanto na Lousa (onde nasceu), em Carviçais (onde viveu grande parte da sua vida e faleceu) e em Torre de Moncorvo, precisamente com uma sessão no nosso Museu do Ferro & da Região de Moncorvo.

Como se sabe, em 1895 o abade Tavares defendeu a criação de um Museu em Torre de Moncorvo, o qual seria o primeiro de toda a província de Trás-os-Montes. Infelizmente os poderes públicos de então não lhe deram a atenção devida e o abade Tavares acabaria por enviar importantes peças arqueológicas por si recolhidas para outros museus, como o Museu Nacional de Arqueologia (Lisboa) e, já no final da vida, enviou o restante da sua colecção para o Seminário Maior de S. José, em Bragança, o que muito irritou o célebre abade de Baçal, que achava que deveriam ir para o "seu" museu, o actual Museu do Abade de Baçal... - Esta polémica, que conhecemos por algumas cartas, será amanhã objecto de uma representação teatral pelo Gaft Alma De Ferro.

O restante programa, de iniciativa do Município de Torre de Moncorvo, inclui a reedição da pequena monografia do abade Tavares sobre o ermitério de N. Senhora da Teixeira (Sequeiros, freg. de Açoreira), a qual deixou inédita, sendo publicada postumamente no jornal A Torre, e editada em brochura em 1985, por iniciativa do nosso saudoso Mestre, Pe. Joaquim Rebelo. Será, assim, também um três em um:

- Comemoração e Homenagem ao Abade Tavares;
- Oportunidade para relembrar o Pe. Rebelo;
- ... e dar a conhecer uma jóia do nosso património concelhio, que é a capela do ermitério de N. Senhora da Teixeira (ou Senhora dos Prazeres), que, tudo indica, será brevemente recuperada por intervenção conjunta da Direção Regional de Cultura do Norte e do Município de Torre de Moncorvo, com aquiescência do proprietário, neto de Abel Gomes, a quem o Abade Tavares dedicou a monografia.

Podemos ainda adiantar que o P.A.R.M., ao abrigo do protocolo acima referido, já procedeu ao inventário da colecção do Abade Tavares, com a colaboração da Diocese de Bragança e Miranda, com vista à organização de uma Exposição que completará o programa das comemorações.

Apelamos aos nossos associados que participem nestas iniciativas, em respeito pela memória de um defensor do Património moncorvense, algo incompreendido pelos seus conterrâneos, apesar de ser respeitado e enaltecido por grandes vultos da Cultura da época, como o fundador do Museu Nacional de Arqueologia, Dr. Leite de Vasconcelos, e outros, incluindo o próprio Abade de Baçal.

Txt.: N.Campos/PARM


sábado, 20 de abril de 2013

Percursos pela Arqueologia de Ulissipo/Olissipona/Lisboa


Recebemos do nosso consócio Higino Tavares vários links sobre Arqueologia lisboeta, çara quem esteja interessado. Salientamos o 1º., sobre o subsolo da antiga Olissipo, um dos aspectos que esteve patente numa exposição realizada há anos no Museu Nacional de Arqueologia, sob o título "Lisboa Subterrânea". Nessa onda, também nós por cá idealizámos, in illo tempore, um percurso pedestre intitulado "Moncorvo Subterrânea", apresentado numa cadeira de um curso de Museologia da Faculdade de Letras do Porto. Não se chegou a implementar, mas pode ser que um dia destes parte desse percurso possa ser feito, porque também por cá, sob os nossos pés, há uma outra vila, com vestígios de outras eras, sob os paralelos das calçadas.
Para já vão vendo estes links aos poucos:

LISBOA - Debaixo de Terra
Vejam o que se esconde sob a belissima cidade de Lisboa:
As Galerias Romanas da Rua da Prata
Mas, sobre a terra há mais:


O Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros
http://www.youtube.com/watch?v=9XGps3kHVfE&feature=related

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mós, "en vol d'oiseau"

No seguimento da nossa visita a Mós, no passado Sábado (6.11.2010), participando na iniciativa do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, sobre o tema "Mós, antiga vila medieval - Arqueologia, História e Património", aqui ficam algumas imagens desta encantadora terra, merecedora de uma visita:

Fachada do edifício da Junta de Freguesia de Mós, antiga casa da Câmara até 1836, servindo mais tarde de escola primária. À esquerda, em 1º plano, casa da família Pombo, de traça erudita, talvez do séc. XVII, reclamando obras urgentes, tal como muitas outras do núcleo histórico de Mós.


Aspecto da exposição sobre o património do concelho de Torre de Moncorvo, onde se mostram alguns valores patrimoniais de Mós. Em 1º. plano, ao meio, a bandeira da freguesia de Mós, com respectivo brasão: castelo rodeado de três mós de ouro em fundo azul.

Capitel do pelourinho que foi reconstituído há pouco mais de uma dúzia de anos. Este era um dos símbolos do antigo município de Mós, onde se executava a justiça.

Praça de Mós. - Atrás daquelas casas ficava o castelo, de que restam hoje parcos vestígios. Aqui se faz, pelo Natal, uma imponente fogueira do galo, como se nota pela mancha queimada no pavimento.

Fonte de mergulho, talvez ainda da Idade Média.

Recanto acolhedor, entre vielas, onde se pode beber um copo na esplanada do "Campeão".

Nas imediações de outra tasquinha, junto à Praça, não falta o assador e o pipo, onde em távola de madeira dá a volta o canjirão.

Típica varanda trasmontana de uma bela casa tradicional.

Um relógio de sol, ainda no seu lugar, já não marca a hora. Aqui o Tempo parece ter parado e isso pode ser (ainda) uma vantagem. Há que saber acertar a hora da modernidade com a da Tradição e da História, porque isto são mais-valias de que nem todas as terras se podem gabar.

Agradecemos a hospitalidade da Junta de Freguesia e do povo de Mós.
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Txt. e Fotos N.Campos/PARM.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Palestra e Exposição sobre o património arqueológico e arquitectónico de Adeganha

Vista geral da igreja da Adeganha e sua envolvente, a partir da escola primária
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Tendo em vista assinalar a Semana Europeia da Democracia Local, o Presidente da Junta de Freguesia da Adeganha, Sr. Guilhermino Soares, lançou-nos o repto de se fazer uma pequena mostra sobre o património cultural da freguesia de Adeganha, na sede desta freguesia, assim como uma palestra associada ao assunto. Correspondendo ao desafio, realizou-se no passado dia 10 de Outubro, pelas 16;00h, a acção que intitulámos: "Adeganha - Arqueologia, História e Património", que teve lugar no edifício da antiga escola primária, perante uma plateia muito atenta e interessada em saber algo mais sobre a importância dos seus valores culturais.

A organização do evento coube à Junta de Freguesia de Adeganha, Museu do Ferro & da Região de Moncorvo/Câmara Municipal de Torre de Moncorvo/ PARM.

O Presidente da Junta de Adeganha falando na abertura da sessão e apresentando os palestrantes.

.Através de uma projecção em Powerpoint procurou-se evidenciar o rico património da freguesia de Adeganha, que conta com dois Monumentos Nacionais (ruínas da vila morta de Santa Cruz da Vilariça e igreja românica de Adeganha) e um Imóvel de Interesse Público, o importante arqueossítio do Baldoeiro, cujo processo de classificação foi iniciado pelo PARM, nos inícios dos anos 90, em colaboração com o IPPAR.

Mas a "viagem temporal" desfiou um rosário de locais onde se encontraram vestígios desde as mais remotas eras, desde os tempos neolíticos e início da Idade dos Metais (através de achados de machados polidos e cerâmicas decoradas, em pontos como o Baldoeiro, Senhora do Castelo, Fraga Amarela), passando pela Idade do Ferro, com os "castros" do Castelo dos Mouros, Senhora do Castelo, Castelo da Junqueira, e a culminar no período romano, com abundantes vestígios na orla virada ao vale da Vilariça, desde as quintas da Portela, Silveira, Terrincha até à Junqueira e Ribº. de S. Martinho.

Aspecto da sessão, perante um auditório muito atento.

Descontando os chamados "tempos obscuros" após a invasão dos bárbaros e dos "mouros", de que pouco ou nada se sabe, parece ter-se dado, na Idade Média, a reocupação de alguns pontos mais defensáveis, alguns com focos de povoamento anteriores. Contudo, os principais vestígios desta época vão encontrar-se no Baldoeiro, Senhora do Castelo e, finalmente, na chamada Vila Velha (Santa Cruz da Vilariça), que vai estar na génese do actual concelho de Torre de Moncorvo.

Explanação de Eugénio Cavalheiro sobre a Igreja de Adeganha

É ainda no período medieval que se insere a importante igreja românica de Adeganha, com toda a certeza associada aos Caminhos de Santiago. Sobre a história deste monumento, sua arquitectura e decoração simbólica, falou o Sr. Comandante Eugénio Cavalheiro, presidente da mesa da Assembleia Geral do PARM, e investigador de História de Arte, com vários trabalhos já publicados. Eugénio Cavalheiro mostrou diversas imagens do exterior e interior da igreja, explicando o significado dos diversos frescos recentemente restaurados, bem como os retábulos quinhentistas e talha dourada do período barroco. Aproveitamos para anunciar que Eugénio Cavalheiro tem no prelo uma monografia dedicada à igreja de Adeganha.

Momento da explicação da exposição.

Foi também referido o importante património vernacular (construção tradicional) que se deve preservar o mais possível, sempre em respeito pela melhoria de condições de vida das pessoas, mas sem desvirtuar a traça original e o aspecto geral das povoações, como especial destaque para a Adeganha, pois isto é uma mais-valia que pode ser aproveitada para fins turísticos.
No final foi feita uma visita guiada aos painéis em que se desenvolve um pouco da evolução histórica da nossa região, e em que a freguesia de Adeganha tem um lugar de destaque.
Uma vitrina com vários objectos arqueológicos recolhidos nesta freguesia (machados polidos, cerâmicas pré-históricas, castrejas e medievais, além de moedas romanas e medievais) completaram a explicação.
Foi destacada a colaboração de pessoas de Adeganha que ao longo dos tempos nos ofereceram objectos e forneceram preciosas informações, como foi o caso do nosso Amigo Sr. Alberto Vilela, proprietário de terrenos na Senhora do Castelo. De sua autoria estiveram patentes na exposição duas maquetes, uma da igreja de Adeganha e outra do antigo paçal (casa do abade).

Vitrina com alguns objectos arqueológicos procedentes da freguesia de Adeganha.

A acção foi encerrada com um Porto de Honra, seguida de um excelente convívio e troca de informações com as pessoas presentes.
Agradecemos à Junta de Freguesia de Adeganha esta oportunidade, esperando nós repetir acções análogas noutras freguesias, tendo em vista a sensibilização da população para os valores patrimoniais das suas terras, elevando a auto-estima colectiva, e promovendo o desenvolvimento turístico.

Da parte do PARM colaboraram nesta acção: Eugénio Cavalheiro, Nelson Campos, Rui Leonardo.
Fotos: Rui Leonardo/PARM

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Palestra sobre Património do concelho de Torre de Moncorvo - em jeito de balanço

Mesa da conferência, no início da sessão
Como foi anunciado, realizou-se no sábado passado, dia 8 de Agosto, no auditório do Museu do Ferro e no contexto da Exposição "VESTÍGIOS...", a palestra sobre o Património Arqueológico e Arquitectónico do concelho de Moncorvo.
Aberta a sessão pelos representantes do município (Sr. João Rodrigues, em representação do Sr. Presidente da Câmara) e do PARM (Engº. Afonso Calheiros e Menezes, Presidente da Direcção), seguiram-se as intervenções do Sr. Prof. Doutor Adriano Vasco Rodrigues, Sr. Norberto Santos e Drs. Nelson Campos e Rui Leonardo.
O Professor A. Vasco Rodrigues, Amigo do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, referiu-se aos seus trabalhos pioneiros, em co-autoria com sua esposa, Drª. Maria da Assunção Carqueja (natural do Felgar), sobre a problemática da metalurgia antiga na região, partindo do estudo dos escoriais e da documentação (nomeadamente pergaminhos medievais actualmente guardados no Arquivo Histórico de Torre de Moncorvo), tendo realizado escavações e até uma reconstituição de um forno de fundição, no que pensamos ter sido o primeiro caso de Arqueologia Experimental em Portugal (1963). Referiu-se ainda aos seus trabalhos em colaboração com o insigne epigrafista D. Domingos de Pinho Brandão, no Vale da Vilariça (Missão de estudo arqueológico, em 1962), e a descoberta da ara dedicada a Denso, em Silhades, no vale do Sabor, entre outros valiosos contributos para a arqueologia e história da nossa região.


Imagem da apresentação, com evocação dos pioneiros da Arqueologia da região.

O Sr. Norberto Santos, filho do Prof. Santos Júnior, residente em Torre de Moncorvo (e também Amigo do Museu do Ferro) relatou algumas andanças de seu pai, nomeadamente em Moçambique, onde partiu uma perna na sequência de um ataque de abelhas bravias, quando procedia ao levantamento de uma gruta com pinturas rupestres. A partir desse acidente o Prof. Santos Júnior passou a ter de usar uma bengala, a qual usava como escala, nos seus registos arqueológicos.

Os organizadores desta sessão fizeram questão de referir ainda o contributo de outros pioneiros da arqueologia da região, como o abade José Augusto Tavares (1868-1935), e, a nível mais local, as recolhas do Dr. Horácio Simões, Sr. Almiro Sotta e Sr. Amílcar Pinto Rebelo. Como parece que em Portugal a memória dos novos investigadores é normalmente curta e não-raro depreciativa relativamente aos contributos anteriores, ao contrário, os investigadores do PARM,querendo marcar a diferença, entendem ser da maior justiça mencionar todo o trabalho anterior, o que possibilitou que a Carta Arqueológica do concelho seja particularmente rica, apesar de muitos dos achados, infelizmente, não se encontrarem na região, devido ao facto de não ter existido, até tempos bem recentes, um Museu local onde essas peças ficassem resguardadas. Foram referidos vários casos de objectos arqueológicos em Museus nacionais, como o Museu Nacional de Arqueologia (onde se encontram os berrões das Cabanas, um dos quais é emblema do PARM, a ara do Baldoeiro, a estela calcolítica do Couquinho e o ídolo de Moncorvo), além de outras peças dispersas pelo Museu Geológico de Portugal, Museu do Abade de Baçal, etc..

Professor Adriano Vasco Rodrigues, no uso da palavra, e Sr. João Rodrigues, assessor e representante do Sr. Presidente do Município

Segundo Nelson Campos, o objectivo desta sessão foi também o de se fazer um balanço (ainda que necessariamente breve e muito preliminar) do estado dos conhecimentos sobre o património arqueológico e arquitectónico existente (e identificado até à data) no concelho de Torre de Moncorvo. A partir daí, tentou-se traçar um quadro da ocupação humana do nosso território (que obviamente não se confina às fronteiras artificiais do concelho), pelo menos nos últimos 5.000 anos, já que os dados para épocas anteriores são bastante escassos. Assim, a palestra visava dar um pouco mais de substância à Exposição "VESTÍGIOS...", funcionando como um complemento, ou como outra face de uma mesma moeda, tendo em vista a organização de uma futura sala de Arqueologia & História, prevista desde o início, nos espaços do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo.

O mesmo responsável do PARM e do Museu do Ferro referiu os primórdios dos trabalhos de Carta Arqueológica do concelho de Torre de Moncorvo, por si iniciada em 1981, ainda como trabalho pessoal de foro académico, no 1º ano da FLUP, tendo acabado por se incorporar no inventário arqueológico do concelho desenvolvido a partir de 1983, quando o PARM se organizou como grupo (ainda que informal), com vários colegas de curso da mesma Faculdade (Alexandra Lima, Miguel Rodrigues, Paulo Dordio, Ricardo Teixeira, Joaquim Henriques, Paulo Amaral e outros). Colaboraram ainda nesses trabalhos Higino Tavares, Carlos Ferreira, Alberto Castelo, entre outras pessoas que nos forneceram preciosas informações e ofereceram vários objectos arqueológicos. Este registo, com base em prospecções e identificação cartográfica de informações recolhidas, culminaria num primeiro relatório e ficheiro fornecidos à Câmara Municipal de Torre de Moncorvo em 1993, para inclusão no PDM (Plano Director Municipal).

Sr. Norberto Santos, filho do Professor Santos Júnior, no uso da palavra

Por solicitação do município de Torre de Moncorvo ao PARM, durante o ano de 2008 procedeu-se à revisão e aditamento do anterior inventário arqueológico do concelho, tendo em vista a revisão do PDM concelhio. Foram entregues em Janeiro de 2009 três volumes (sendo um de Relatório introdutório, chaves de leitura e bilbiografia geral + 2 vols. de ficheiro, incluindo localizações e definição de perímetros de protecção em cartografia digital), tendo-se ampliado consideravelmente o documento anterior, isto apesar de haver consciência de que falta ainda muita coisa, uma vez que, como foi dito, "um inventário arqueológico é um documento sempre em aberto".

A pormenorização das partes constituintes do Inventário Arqueológico do concelho esteve a cargo de Rui Leonardo, licenciado em Arqueologia, membro da Direcção do PARM e que também trabalhou nesta fase de revisão do dito Inventário. Foi dada a conhecer a ficha de levantamento utilizada e substancialmente melhorada em relação à versão anterior, referindo-se cada um dos campos, além de todos os processos metodológicos que estiveram na base do trabalho.

Em jeito de síntese, foi referido que o ficheiro do inventário do concelho entregue para o novo PDM, incluía um total de 165 sítios arqueológicos e outros valores patrimoniais (incluindo a área do Douro classificada como Património Mundial/Alto Douro Vinhateiro, na freguesia da Lousa). Não se entrou em detalhes na área do vale do Sabor, onde se realizaram estudos de pormenor por outras equipas a soldo da EDP, visto que, como será uma área a ser submersa pela albufeira de uma grande barragem, não fazia sentido incluir a totalidade dos sítios detectados num documento que se pretende de gestão futura do território (solo utilizável), como é o PDM. Em todo o caso, como foi dito, esse registo poderá ser incluído na publicação final, como forma de se entender a totalidade do património e a articulação das redes de povoamento numa visão mais global.

Dr. Rui Leonardo durante a sua intervenção
Através de vários gráficos, Rui Leonardo mostrou as diferentes tipologias de património registado e sua valoração (classificado/não classificado, e, dentro dos não classificados, os graus de importância atribuídos). Houve uma tentativa de distinção de dois grupos principais (tendo em conta até o título do documento: a) Património Arqueológico; b) Património Edificado (cabendo neste o património construído erudito e o rural ou vernacular). Assim, no primeiro grupo consideraram-se 70 sítios arqueológicos (de diversos períodos) e no 2º grupo 76 elementos patrimoniais de tipo construído, sendo certo que não se incluíram muitas capelas, nem todas as casas de traça solarenga, faltando ainda muitos moinhos, pombais, apiários etc., razão pela qual o PARM pretende dar continuação a este trabalho e propôr uma actualização temporária e sistemática do referido inventário.

Em termos de património classificado, foi referido que existem 3 Monumentos Nacionais (igreja matriz de Torre de Moncorvo, igreja matriz de Adeganha e ruínas de Santa Cruz da Vilariça), 14 Imóveis de Interesse Público (com predomínio de capelas, embora com dois sítios arqueológicos e ainda os vestígios do castelo de Mós) e ainda uma pequena extensão do Património Mundial equivalente à paisagem cultural do Alto Douro Vinhateiro, na vertente sul da freguesia da Lousa. Estão em vias de classificação há vários anos, o sítio arqueológico de Silhades (Felgar), que, pelos vistos, acabará submerso pela albufeira do baixo Sabor, as peças originais do chafariz filipino recolocado há poucos anos na praça Francisco Meireles, e a igreja matriz do Larinho, proposta pelo PARM. Foi ainda sob proposta ou em colaboração com o PARM que se classificaram os sítios arqueológicos do Baldoeiro e Alfarela e o santuário do Santo Apolinário de Urros, além da proposta (que não se efectivou) do conjunto arqueológico e edificado de Silhades.

Apresentação da cartografia de síntese e conclusões sumárias do trabalho

No final, Nelson Campos apresentou uma tentativa de síntese cartográfica dos sítios arqueológicos conhecidos por períodos e tipologia, desde a pré-história recente ao período medieval, evidenciando os modelos de povoamento característicos das diferentes fases.
Se, por um lado, se detectaram algumas constantes entre o povoamento da Pré-história Recente e a Idade do Ferro em relação aos períodos posteriores a correlação continua a notar-se em vários pontos, embora sem uma sobreposição exacta, entre o período dito "castrejo" (Idade do Ferro) e a época romana, em que se nota, tal como em muitos casos no Noroeste, uma "descida" dos habitantes indígenas dos seus promontórios fortificados para os povoados romanos ("villas" ou "vicus") em zonas abertas, de vale. Poucos são aqui os "castros" em que se encontram vestígios abundantes da época romana no interior dos seus recintos.
Do mesmo modo, o período pós-"Reconquista" parece fazer deslocar o povoamento, de novo, para os pontos mais altos e defensáveis. Feito o balanço da ocupação medieval, foi abordada a questão específica dos escoriais de ferro, que vão desde as coincidências com vestígios desde a época romana até ao período medieval e posteriores. Só escavando esses escoriais se podem "afinar" as cronologias e também saber mais sobre os processos tecnológicos - outra grande via de pesquisa, segundo o PARM. Foram referidos, neste passo, além dos estudos pioneiros do professor Adriano Vasco Rodrigues, os últimos trabalhos do Sr. Prof. Engº. (jubilado) Horácio Maia e Costa, em vias de publicação. Tivemos a honra de acompanhar as recolhas que fez, no terreno, no ano passado, tendo-nos o autor já comunicado os resultados preliminares, com muitas novidades interessantes, pelo que se impõe a classificação de todos os escoriais de ferro do concelho, pelo menos e para já, como Valores Concelhios.

Várias outras conclusões foram tiradas, além do alerta que foi deixado para a necessidade de preservação destes vestígios, como um imperativo de cidadania, pois são estes testemunhos, frágeis em muitos casos, que nos permitem responder à grande questão: quem somos e para onde vamos? N. Campos disse ainda, apontando para o computador portátil, que somos como esta máquina: sem memória não funcionamos; uma sociedade desmemorializada, seria uma sociedade amnésica, alzheimerizada, sem consciência de si própria, uma não-sociedade, ou no mínimo, uma sociedade de seres irracionais. Daí a importância da preservação destes "VESTÍGIOS...", podendo ser o PDM um grande instrumento para esse efeito, dentro de uma política de gestão coerente do território.

Foi ainda dito que sem o apoio da autarquia de Torre de Moncorvo, não só de agora, mas ao longo de todos estes anos, este trabalho não seria possível, pois o amor à camisola dos membros do PARM, não seria suficiente. Esta mesma ideia foi expressa pelo Professor Adriano Vasco Rodrigues, que felicitou o PARM por todo o trabalho realizado e por estas iniciativas.
Há ainda a referir o apoio que foi dado, noutros tempos e para trabalhos de campo, pelo ex-IPPC, depois IPPAR, e ex-FAOJ, depois IPJ (Instituto Port. da Juventude).

Um aspecto da audiência que acorreu ao Museu para participar na sessão e visitar a exposição


A terminar, os presentes puderam visionar uma apresentação de imagens de diversos sítios arqueológicos e outros valores patrimonais do concelho de Torre de Moncorvo, montada por Rui Leonardo, com imagens do Arquivo Fotográfico do PARM, algumas com mais de 20 anos. Assim, alguns desses vestígios, nomeadamente de velhos caminhos medievais, já foram irremediavelmente perdidos, tendo apenas ficado silenciosas fotografias a preto e branco. Algumas dessas mesmas imagens podem ser apreciadas na Exposição "VESTÍGIOS... " que continua patente no auditório do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, aguardando a sua visita!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Palestra Património Arquitectónico e Arqueológico de Moncorvo


Não percam no próximo sábado, dia 8 de Agosto, pelas 16.00 horas, a palestra "PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO e Arquitectónico da Região de Moncorvo", pelos nossos consócios Nelson Campos e Rui Leonardo, a qual terá lugar no Auditório do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo.

Esta palestra tem por base os dados recolhidos ao longo de mais de 25 anos de actividade da associação PARM, tendo sido recentemente (2008) compulsados e acrescentados no âmbito da revisão do Inventário Arqueológico do Concelho, com vista à sua inclusão no PDM (Plano Director Municipal).


Contamos com a vossa presença!

sábado, 25 de julho de 2009

Exposição "Vestígios..." - ecos na imprensa e na internet

A exposição "VESTÍGIOS... - Património Arqueológico e Arquitectónico da região de Moncorvo", inaugurada no passado Sábado (dia 18 de Julho) teve alguns ecos na imprensa, assim como em alguns "sites" de que aqui lhe damos conta:

  • No "Jornal de Notícias" (Porto), 2009.07.23, secção "Tome Nota", página 45. Há a anotar que o título apresentado pelo JN é erróneo: o tema da exposição é a Arqueologia em geral (da Pré-história ao período industrial) e o Património Edificado e não exclusivamente a "exploração mineira e o trabalho do ferro". Há referências, obviamente, ao trabalho do ferro no período romano, e, no último painel, à exploração realizada pela Ferrominas, mas o objectivo da exposição é mais abrangente. Congratulamo-nos, no entanto, pelo facto do nosso museu ser sumamente conhecido pelo tema do Ferro, o que diz do peso que nele tem esta vertente específica (patente na Sala do Ferro/exposição permanente).

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  • Mensageiro Notícias (Bragança/Vila Real), 2009.07.24, secção Cultura, pág. 24 - artigo de Carla Gonçalves, intitulado: "'Vestígios'da Terra do Ferro em exposição". Artigo excelente e com grande destaque ao nosso evento. Só há a anotar um lapso na última coluna, 3º. parágrafo: onde se diz que temos intenção de passar a exposição para a casa contígua ao Museu, onde o PARM pretende instalar a sua sede, não é bem assim. O que quisemos dizer, na informação prestada à jornalista, é que a referida exposição deveria passar depois para a sala do Museu que está a ser ocupada pela sede provisória do PARM, quando esta passar para a referida casa, depois de se consumar a negociação com o referido proprietário. Fica a rectificação com as nossas desculpas, pois é possível que não tenhamos sido bem explícitos.

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Endereços electrónicos com mais informação sobre a exposição "Vestígios... " na internet:

Descontando os eventuais lapsos, o PARM e o Museu agradecem toda a colaboração prestada pelos órgãos ou espaços de comunicação social acima mencionados, bem como aos(às) jornalistas e amigos(as) divulgadores(as). O nosso Muito Obrigado!


VISITE A EXPOSIÇÃO E DEIXE-NOS A SUA OPINIÃO!!
AGUARDAMOS A SUA VISITA!



Ainda sobre esta Exposição, pode visionar a seguinte reportagem, de Lígia Meira e Marcos Prata, para a LocalVisão

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Da Exposição "Vestígios..." - objectivos e oportunidade

Foi inaugurada no passado dia 18 de Julho a exposição "VESTÍGIOS..." - Património Arqueológico e Arquitectónico da região de Moncorvo, contando com a presença dos Srs. Presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Presidente da Direcção do PARM, Presidente da Mesa da Assembleia Geral também da nossa associação, funcionários do Museu, estagiárias, vários associados, e outras pessoas interessadas.

Painel de abertura, com o título, texto introdutório e uma imagem da mítica Santa Cruz da Vilariça, onde fizémos escavações entre 1989-1992 e onde temos feito inúmeras visitas guiadas (foto Patrick Esteves/Foto-Bento)

Esta exposição constitui, fundamentalmente, um olhar fotográfico a partir do arquivo do arquivo da nossa associação, reunindo imagens de elementos arqueológicos e patrimoniais de maior relevo identificados na região de Moncorvo, com alguns textos de enquadramento sobre os períodos cronológicos a que dizem respeito, e complementada com diversos objectos arqueológicos recolhidos em actividades de prospecção e escavação, nos anos 80 e 90 do séc. XX.

O Dr. Rui Leonardo (co-organizador da exposição) explicando o período "castrejo" (Idade do Ferro), em que se situa o achado dos sete berrões das Cabanas de Baixo, há mais de um século, pelo abade Tavares (foto de Patrick Esteves/Foto-Bento)

A ideia da exposição começou a germinar nos inícios de 2009, depois de dois elementos do PARM (N.Rebanda e Rui Leonardo) terem compulsado os ficheiros do Inventário Arqueológico do concelho desenvolvido pelo PARM nos últimos 25 anos e os respectivos arquivos fotográficos, trabalho que fizeram em finais de 2008 com vista à actualização da Carta Arqueológica para o PDM (entregue nos inícios de Janeiro), dando conta da necessidade de se fazer um novo balanço do que se fizera em todos estes anos. Na verdade, nos primórdios da nossa actividade, logo em 1985, foi feita uma mostra de Arqueologia num espaço anexo à igreja da Misericórdia, organizado por N.Rebanda, com apoio da Câmara Muncipal e do GAT (Arqtª. Ana Maria Rodrigues), no contexto de umas comemorações sob o tema "Os portugueses e o mundo". Depois, em 1986, no Mercado Municipal, foi feita nova exposição, consideravelmente ampliada, a qual foi reeditada em 1987, aquando de uma visita do então presidente da República, Dr. Mário Soares. Muitas das fotografias agora utilizadas foram aproveitadas dessa exposição de 1986, já que muitos dos motivos representados ou já desapareceram ou foram transformados.

Explicando o período da Romanização, em que se destaca o habitat romano de Vale dos Ferreiros, destruído em 1983 por uma barragem (foto Patrick Esteves/Foto-Bento)


Como se diz logo ao início da Exposição, somos tributários do trabalho realizado por pioneiros como o Abade José Augusto Tavares (1868-1935), Prof. Doutor Santos Júnior (1901-1990), Prof. Doutor Adriano Vasco Rodrigues, entre outros. No entanto, a nossa actividade foi a que teve maior continuidade no tempo, envolvendo a realização da Carta Arqueológica do concelho e um projecto de investigação centrado no período medieval, com várias prospecções e escavações.

Da acção directa do PARM ou dos seus membros resultaram descobertas da maior importância para Arqueologia portuguesa, como foram o caso das gravuras rupestres paleolíticas do cavalo de Mazouco (concelho de Freixo de Espada à Cinta), de Foz Côa, e Ribeiro da Sardinha (Felgar), das estelas calcolíticas de Assares (concelho de Vila Flor), da estela-menir da Vila Maior (concelho de Torre de Moncorvo), entre outros achados, durante os anos 80 e 90.

Grupo de visitantes observando o painel sobre o Castelo de Torre de Meem Corvo (foto N.Campos)

A somar a isto também houve alguma intervenção na defesa do património, um vector sempre problemático e polémico, infelizmente nem sempre compreendido pelo comum das pessoas.
Na medida do possível foram feitas acções de divulgação do património, junto das escolas, com inúmeras visitas guiadas por todo o concelho. Destacamos, nos últimos anos, a título de exemplo, os Passeios Culturais e a participação no programa Ciência Viva. Presentemente este aspecto tem sido desenvolvido sobretudo no quadro do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, gerido segundo um protocolo entre o Município de Torre de Moncorvo e o PARM, como se sabe.



Vitrina com diversos objectos recolhidos nas escavações de Santa Cruz da Vilariça (dirigidas por N.Rebanda) e no Castelo de Moncorvo (dirigidas por N.Rebanda e, posteriormente, pela equipa de Pedro Sobral/ArqueoHoje) - Foto Patrick Esteves/Foto-Bento)

Todavia, estes aspectos não são referidos na Exposição, visto que o objectivo foi dar uma noção do património arqueológico e arquitectónico que existe no concelho e região e não propriamente contar aqui a história do PARM. Há, na verdade, uma história implícita, que nos chega através destes testemunhos, ou "Vestígios", e essa é a do Homem que através dos tempos aqui sempre viveu e sobreviveu...

"Vestígios" recolhidos em intervenções urbanas na vila de Torre de Moncorvo (séc. XVI-XVIII) - Foto Patrick Esteves/Foto-Bento

Uma história feita da luta quotidiana pela mantença, mas também de algumas invasões, como a romana, a dos bárbaros, a dos "mouros", ou, mais tarde, de castelhanos ou espanhóis. Daí as muralhas e os castelos, mas também houve lugar à afirmação da espiritualidade pela arquitectura (igrejas de Adeganha e Torre de Moncorvo, igreja da Misericórdia, capelas) e pela arte (recheio de igrejas e capelas, ou pinturas do eremitério da Srª da Teixeira), ou seja, o facto cultural em última instância. Essa cultura erudita deu trabalho a mestres canteiros e humildes pedreiros, que não só edificavam igrejas, fontes e chafarizes, mas também foram erigindo e transformando os solares das classes possidentes. Aqui terá surgido uma verdadeira escola de mestres canteiros e de outras artes. que se sabe terem arrematado trabalhos na Sé de Miranda (desde o séc. XVI e XVII) e, um deles, o mestre António Lopes de Sousa, na segunda metade do séc. XVII, ter construído a ponte de Remondes (sobre o rio Sabor) entre os concelhos de Mogadouro e Macedo de Cavaleiros.




Visitantes observando diversos vestígios da chamada "cultura material" do período medieval (foto Patrick Esteves/Foto-Bento)


Nos painéis finais há referência à viária, nomeadamente aos belíssimos "caminhos antigos", alguns registados fotograficamente há mais de 20 anos, e hoje irremediavelmente perdidos, devido ao sistemático labor de destruição empreendido por entidades públicas e privadas, em nome de uma maior comodidade para se levar a carrinha ou o tractor aos prédios (alguns deles hoje ao abandono). Um desses troços, em lajes de xisto colocadas de cutelo, foi registado em fotografia a preto e branco, nos anos 80, pouco antes de ser "varrido" pelo troço do IP-2 entre o Pocinho e a ponte do Sabor. Curiosamente a parte terminal desta estrada vai em breve ser submersa, tendo funcionado menos de 20 anos...

Vista geral da Exposição, no Auditório do Museu do Ferro (foto Patrick Esteves/Foto-Bento)

O último painel é dedicado à Arqueologia Industrial e Mineira. Em rigor, o "industrial" aqui é apenas o proto-industrial (com a ferraria-forja de Chapa-Cunha, do séc. XVIII-inícios de XIX), alguns lagares de azeite do final do séc. XIX/inícios de XX (hoje ao abandono e em ruínas), a fábrica de cobertores do Felgar (de que, infelizmente, parece ter desaparecido a grande roda hidráulica, levada pelos sucateiros, segundo nos informaram dois felgarenses que estiveram presentes à inauguração), e, finalmente, as infraestruturas da Ferrominas no alto da Carvalhosa, cujo processo de vandalização e de saque ainda não terminou...

Espera-se que esta exposição funcione também como um alerta pela preservação do pouco que ainda resta, em termos de património arqueológico e arquitectónico. Desde a abertura do Museu na sede do concelho tivémos sempre presente a ideia de se constituir uma pequena mostra didáctica, mostrando e explicando a Arqueologia e História do nosso concelho através de objectos recolhidos na região, com imagens de locais de interesse e dos monumentos existentes.

Quanto a objectos, lamentavelmente, nos últimos 100 anos, por não existir um museu em Torre de Moncorvo, muitos foram os que acabaram por ir parar a Lisboa ou a Bragança (e alguns de grande importância!). Esta exposição pode ainda ser um atractivo para que algumas pessoas possam vir a doar ao Museu objectos de interesse que tenham recolhido em trabalhos agrícolas, em obras, ou noutro qualquer contexto.
Dado o seu alcance pedagógico, é nossa intenção manter esta exposição com cariz permanente, como instrumento de apoio aos programas escolares e potenciando mais as visitas de estudantes e professores. A batalha do património ou se ganha com a Educação e com as novas gerações, ou está indefectivelmente perdida. Assim, teremos de escolher entre uma mera "Arqueologia de registo" do que vai ser destruído (muito pesarosa para nós, os que gostamos disto e que amamos estes pobres vestígios que nos deixaram os nossos antepassados, chorando depois sobre eles como sobre leite derramado) ou, em contrapartida, uma Arqueologia da Salvaguarda, de Preservação, de Valorização, de Recuperação, de Fruição... E é já um lugar comum dizer-se que só podemos amar o que conhecemos.

Temos uma História grandiosa que passa muito pela história do Ferro (aí estão também os escoriais para o atestar e as obras de ferreiro), mas que não é tudo. Daí que o conceito museológico que aqui sempre procurámos implementar tenha em conta a vertente ex-librística (Ferro), mas também o seu enquadramento histórico, as outras actividades, agrícolas (e agro-industriais inclusive, com a história do Cânhamo, que também está por contar), pastoris, mercantis, artesanais (ofícios), proto-industriais (molinologia, ferraria de Chapa-Cunha, indústria têxtil), serviços, etc..

- Brevemente (dia 8 de Agosto) contamos realizar uma palestra que tem por pano de fundo esta mesma mostra. Mantenha-se atento e... entretanto visite a Exposição!

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NOTA DE AGRADECIMENTOS

A Direcção do PARM e Organizadores da Exposição agradecem:
- à Câmara Municipal de Torre de Moncorvo pelo suporte financeiro que tornou possível esta exposição e pelo apoio logístico (transporte e motorista para transportar uma pedra decorada desde a Qtª. da Portela, e empréstimo de vitrinas da Biblioteca Municipal);
- à família Morais Vaz/Quinta da Portela, Amigos do Museu, pela cedência a título de empréstimo de uma pedra decorada românica proveniente da Canteira/Baldoeiro, sua propriedade;
- ao Encarregado de Pessoal da Câmara Municipal, Sr. António Manuel Gonçalves, pelo seu esforço na condução, carregamento e transporte da pedra decorada da Qtª. da Portela (peça com cerca de 200kg);
- à Junta de Freguesia de Torre de Moncorvo, pela cedência da viatura e do seu funcionário, Sr. Daniel … , para transporte das vitrinas da Biblioteca;
- à FotoBento (Torre de Moncorvo), na pessoa dos Srs. Tony Bento e Patrick Esteves, por toda a dedicação e empenho na qualidade do trabalho fotográfico e de impressão, tendo o Tony aguentado uma “noitada” desde as 21;00h até às 6 horas da manhã, a fim de se aprontar os painéis;
- à serralharia Irmãos Amaral, Amigos do Museu, em especial ao Zé Amaral, pela sua prontidão e eficiência na construção de suportes para materiais pétreos;
- ao Sr. Manuel Cândido, também Amigo do Museu, pela sua colaboração sempre pronta;
- ao restaurante “O Lagar” pela oferta de um almoço ao pessoal do Museu e do PARM no dia da inauguração da Exposição;
- ao pessoal do Museu e do PARM: António Botelho, Fátima Dias, as estagiárias Ana Teixeira e Lucy Pissarra, Higino Tavares.
Pedimos desculpas antecipadas por alguma omissão, na certeza de que será involuntária.
Para todos, um grande abraço!

sábado, 11 de julho de 2009

Exposição "Vestígios"

Esta exposição consiste numa retrospectiva de mais de 25 anos de trabalhos desenvolvidos pelo PARM, no âmbito da Arqueologia e estudo do Património na região de Torre de Moncorvo. Simultaneamente, pretende sintetizar os conhecimentos sobre a ocupação humana desta região, desde a Pré-história até aos nossos dias.

Trata-se de uma longa e fascinante História, contada através de imagens do arquivo do PARM e de várias peças arqueológicas recolhidas ao longo dos anos. Infelizmente algumas das mais relevantes não se encontram no concelho, por terem sido levadas para museus nacionais, mas, dada a sua importância, delas também se dará conta.

Contamos com a vossa presença e a melhor divulgação deste evento!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Pela preservação da Vila Velha

EDP/Baixo Sabor: zona de protecção altera acesso de camiões

A EDP foi obrigada a alterar o plano de acessos à obra da Barragem do Baixo Sabor, depois de ver reprovada pelos organismos oficiais competentes uma proposta que fazia passar centenas de camiões pela área de protecção de um monumento nacional.

Segundo confirmou à agência Lusa Paula Silva, a directora dos bens culturais da Direcção Regional de Cultura Norte (DRCN), a proposta da EDP foi "rejeitada" porque "havia uma aproximação grande e pesada ao sítio arqueológico".

O sítio em causa é conhecido pelas "Ruínas de Vila Velha da Vilariça", um antigo povoado medieval, classificado monumento nacional, em 1992, há 17 anos.

Fonte: Agência LUSA

Ver mais sobre este assunto:

No jornal Público on line: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1385195

No site da RTP: http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t=EDP-projecta-acesso-para-camioes-em-zona-de-proteccao-de-monumento-nacional.rtp&article=224708&layout=10&visual=3&tm=8

O alerta sobre este assunto foi dado pelo Sr. Eng.º Joaquim Morais Vaz, proprietário do terreno em que se implanta o referido monumento, que, como sabemos, é da maior importância para a História do concelho de Torre de Moncorvo.

O PARM realizou sondagens arqueológicas neste local entre 1989 e 1992, com apoio do ex-IPPAR, da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, do IPJ, e do Sr. Morais Vaz, proprietário da Quinta da Portela (já falecido, pai dos actuais proprietários), encontrando-se o espólio guardado no Museu do Ferro & da Região de Moncorvo. É nossa intenção retomar aí trabalhos arqueológicos e encetar um programa de recuperação e valorização das ruínas, tendo em vista o seu aproveitamento turístico, tal como há muito foi previsto no âmbito de uns serviços de extensão cultural do MF&RM (vd. Museu do Ferro e da Região de Moncorvo - Introdução a um programa museológico, 1996; e Museu do Ferro & da Região de Moncorvo. Estudos. Catálogo. vol. 1, 2002 - obras que podem ser consultadas e adquiridas no Museu).

Relembramos que já nos inícios do ano de 2008, aquando da fase da consulta pública do EIA do troço do IP-2 entre a Junqueira e o Pocinho, o PARM exprimiu a sua preocupação pela preservação das ruínas da Vila Velha e da sua envolvente - continuaremos atentos e vigilantes, aliás como se espera de uma associação de defesa do Património.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Comemoração do Dia Internacional dos Museus

Conforme anunciámos aqui no blogue, o Museu do Ferro & da Região de Moncorvo (gerido pelo PARM em parceria com o município de Torre de Moncorvo) promoveu várias actividades, no âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Museus várias actividades, sobretudo centradas no dia 16 (sábado), com destaque para um passeio cultural a Felgueiras (antiga aldeia encaixada na serra do Roborêdo, onde outrora se produziu ferro), um almoço de confraternização com Amigos do Museu do Ferro e, da parte da tarde, uma sessão em que se procedeu à entrega de diplomas aos novos Amigos do Museu.

Ainda na sessão da tarde, que teve lugar no auditório do Museu do Ferro, a equipa de trabalho do museu aproveitou a ocasião para fazer um balanço das actividades realizadas desde o ano passado, com destaque para os contributos dos Amigos do Museu.
Um destes valiosos contributos foi um DVD contendo alguns documentários, de autoria do nosso Amigo Leonel Brito, produzidos para a RTP através da empresa Cinequanon, de que foi fundador, em 1974. A série intitulava-se “Artes e Ofícios” e versava sobre actividades em extinção (à época) e hoje completamente extintos, pelo menos os que foram registados na nossa região: o moleiro e respectivo moinho (na altura ainda em funcionamento), no Souto da Velha; a tecedeira no seu tear, mãe do jornalista Afonso Praça, no Felgar; o oleiro Sr. António Rebouta, também no Felgar; e, no final, o lagar da cera de Felgueiras, tudo ainda em actividade!
O autor/realizador/ofertante, que também foi autor do filme sobre a “Encomendação das Almas”, passado no auditório do Museu no dia 10 de Abril (ver post de 13.04.2009), fez uma pequena introdução a este seu trabalho, dizendo, a propósito, muito modestamente, “que hoje só tem valor por tudo isto ter acabado”.
Informamos todos os interessados que poderão visionar estes documentários no Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, na Biblioteca Municipal ou no Centro de Memória, sendo de se pensar numa edição em DVD.
Aqui fica a reportagem da jornada do dia 16.05.2009:
Grupo de Amigos do Museu, na visita a Felgueiras (ao início da Rua do Escouradal)

Canelha, na zona do Escouradal, onde ficava a antiga forja do Sr. António Carvalho.

Neste local foi arrazado há poucos anos um quarteirão de casas antigas, sendo aí colocado um grande bloco de escória de ferro, arrancado no Escouradal (um Amigo do Museu observa o bloco de escória).

O mais velho Amigo do Museu (e também o mais idoso), o Sr. António Carvalho, grande ferreiro natural de Felgueiras, aqui junto da entrada da sua antiga forja.

Lagar comunitário da cera de Felgueiras - vista do exterior.

Grupo de Amigos do Museu, ao início da sessão da tarde, no auditório do Museu.

Entrega de Diplomas e de cartão de Amigos do Museu - na foto, o Sr. Prof. Doutor Adriano Vasco Rodrigues recebe do Sr. Presidente da Câmara Municipal o título de Amigo do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo

O Amigo do Museu Sr. Engº. Leonel Brito, realizador com vasta obra cinematográfica e fonográfica, fazendo a apresentação dos seus documentários sobre Artes e Ofícios, produzidos em 1974 no nosso concelho.
Imagem do documentário de Artes e Ofícios, de Leonel Brito, com o oleiro António Rebouta exibindo uma cântara acabada de fazer.

A tecedeira Srª. elisa Praça, do Felgar, trabalhando no seu tear (imagem do filme de Leonel Brito)

Cereeiro de Felgueiras, fabricando velas de cera (imagem do filme de Leonel Brito)