terça-feira, 4 de março de 2008

Inauguração do Centro de Memória de Torre de Moncorvo, com Exposição “Memórias de Fé”

Foi inaugurado no passado sábado, dia 1 de Março, o Centro de Memória de Torre de Moncorvo, encontrando-se presentes a Directora Regional da Cultura do Norte, Drª. Helena Gil, o Governador Civil do distrito de Bragança, Dr. Jorge Gomes, e o Presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Engº Aires Ferreira, além de outras individualidades e numeroso público.
O Centro de Memória, localizado na rua Visconde de Vila Maior, destina-se a albergar doações de personalidades de relevo cultural, social ou político naturais de Torre de Moncorvo, ou que de alguma maneira estiveram ligadas a este concelho. De momento, os dois principais acervos instalados são o Fundo do Professor J.R. dos Santos Júnior (médico, antropólogo, arqueólogo, ornitólogo e professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto) e o Fundo do Embaixador Armando Martins Janeira (diplomata, escritor e grande especialista da cultura japonesa).

Salientamos que a ideia do Centro de Memória surgiu aquando de uma Exposição sobre a Vida e Obra do Embaixador A. M. Janeira, organizada pelo PARM e pela Biblioteca Municipal no Museu do Ferro, em 1997, quando D. Ingrid Bloser Martins, viúva do falecido embaixador, nos quis oferecer uma série de objectos que haviam pertencido ao homenageado. Era nosso entendimento que essa doação não se enquadrava no âmbito e na missão do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo tal como estava, mas não queríamos de maneira nenhuma ferir susceptibilidades nem perder uma oportunidade que nos era tão generosamente estendida, a qual era a de termos, em Torre de Moncorvo, algo que evocasse a figura de tão ilustre filho deste concelho, para além do busto que lhe fora erigido na Corredoura. Por outro lado, como havia ainda outro espólio que estava em curso de ser doado à Câmara pela família do Professor Santos Júnior, sugerimos ao Sr. Presidente da Câmara que se acrescentasse ao Museu uma outra valência, na contiguidade do mesmo edifício, onde os visitantes pudessem visitar uma espécie de “panteão” dos moncorvenses mais “ilustres”, para além dos eventuais doadores de espólios de valor cultural. Estávamos a pensar em vultos como Violante Gomes, a “Pelicana”, Constantino, “Rei dos Floristas”, General Claudino Pimentel, Barão de Palme, Visconde de Vila Maior, Campos Monteiro, etc.. Poderia ainda esse sector do museu (trabalhando em colaboração com a Biblioteca e Arquivo Histórico) produzir investigação sobre pessoas mais anónimas, a partir dos registos paroquiais. – A esse espaço, sob proposta, resolvemos chamar “Centro de Memória”, longe de imaginar que na Universidade de Campinas (Brasil) havia já um projecto com essa denominação (o que só descobrimos recentemente, através do Google). A autarquia viria a acolher a ideia, embora tivesse preferido situá-la na actual localização, na imediação da Biblioteca e do Arquivo Municipal. Resta-nos congratular-nos pela sua existência e que cumpra a sua missão.


As instalações deste Centro possuem uma sala de exposições onde, nesta data, pela parte da tarde, se inaugurou uma exposição intitulada “Memórias de Fé”. Esta mostra procurou trazer à luz do dia uma série de obras de pintura e escultura religiosa que se encontrava dispersa pelas diversas capelas pertencentes à Junta de Freguesia de Torre de Moncorvo, e resultou de um levantamento efectuado sob responsabilidade do Dr. Luís Lopes, ao serviço daquela Junta, liderada pela Drª Maria de Lurdes Pontes. Este trabalho foi patrocinado pela Câmara Municipal de Torre de Moncorvo e apoiado pelo PARM, através de um protocolo com a Junta.

O facto de se ter feito esta inventariação, com tratamento das peças artísticas e, sobretudo, uma Exposição que acabou por conferir valor social a um património esquecido é de se louvar e apoiar. Apesar da rusticidade de algumas imagens (o que lhes dá um certo ar naïf), a sua antiguidade (entre o século XVII e XVIII) e o facto de serem uma manifestação da religiosidade popular que se inscreve na devotio e no pietismo do Barroco, conferem à exposição um particular significado antropológico e sociológico.

1 comentário:

G M disse...

Fiz uma pequena homenagem a esta Vila querida está no youtube,deixo um forte abraço a todos.Cordialmente,Gilmar