sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Participação do P.A.R.M na Festa das Segadas E Malhadas de Adeganha

 

Integrada no programa "Aldeia viva - Segada e malhada tradicional", foi realizada, no passado dia 5.07.2025, uma palestra intitulada "Importância da igreja de Adeganha nos Caminhos de Santiago", sendo orador Nelson Rebanda, da direcção da associação do P.A.R.M. - Parm Moncorvo .

Esta apresentação teve por base a investigação do autor sobre este tema, desde os anos 90 do séc. XX. Uma primeira abordagem pública foi feita em 2003 em Bragança, num congresso sobre Caminhos de Santiago, a convite do Instituto de Desenvolvimento Social e Município de Bragança.

Em 31.08.2020 o tema dos Caminhos de Santiago no ângulo Sudeste do distrito de Bragança foi apresentado, pelo mesmo investigador, numa reunião com autarcas da Associação de Municípios do Douro Superior, chegando-se a abordar a questão de uma candidatura para demarcação e certificação dos caminhos jacobeus na nossa região, a qual, infelizmente, não contou com os apoios necessários.

Na abordagem mais recentemente realizada, na Adeganha, foi integrada a importância da igreja tardorromânica da Adeganha na questão dos traçados dos caminhos de Santiago regionais.
Recordamos que em 2012 os responsáveis do PARM realizaram uma exposição de materiais arqueológicos na antiga Escola Primária de Adeganha, tendo na ocasião sido realizadas duas apresentações: uma sobre Arqueologia e património desta freguesia (também por N. Rebanda) e outra sobre a igreja de Adeganha (pelo nosso saudoso consócio Eugénio Cavalheiro, autor de uma monografia sobre esta igreja, publicada em 2011).

Voltámos a estar na igreja de Santiago de Adeganha, com nova comunicação sobre a igreja, em Julho de 2017, também integrada no cartaz das Segadas Tradicionais, a convite da associação local.
De resto, a Adeganha tem sido sempre ponto de visita obrigatório em outras realizações do PARM, como nas edições dos nossos "Passeios Medievais", tal é o carinho muito especial que temos por esta aldeia que sempre tão bem nos recebe. Recordamos que temos retribuído com a maior divulgação desta terra e sua bela igreja, sendo que a nós se deve a especial intervenção para o estudo e recuperação das pinturas a fresco, em que avulta uma representação de Santiago, infelizmente pouco visível, atrás do retábulo-mor de talha barroca.
Aproveitamos para salientar o sucesso desta festa das Segadas, actividade de cariz etnográfico, para além da dimensão lúdica e de convívio saudável da comunidade, felicitando a nossa homóloga Associação Adeganha Viva, por manter vivas estas tradições.
O nosso especial agradecimento também à Drª. Lúcia Pinto, dirigente associativa da Adeganha Viva, pelo convite e pelo excelente acolhimento. Ao Sr. Padre João Barros, pároco de Adeganha, que nos honrou com a sua presença, e a todas e todos os que tiverem a paciência de nos ouvir, numa tarde quente de Julho.
A todos o nosso bem hajam!


Cartaz da recriação da Segada e malhada tradicional realizada no passado dia 5/07/2025, na Adeganha.


Igreja tardorromânica de Santiago de Adeganha.

(Foto de N. Rebanda)


Pormenor da pintura a fresco representando o Apóstolo Santiago, padroeiro da igreja de Adeganha, encontrado sob a caliça, na parede fundeira da igreja, aquando da realização de obras de conservação e restauro do retábulo-mor nos anos 1990. Já antes se via um pouco a parte inferior do conjunto, o que nos levou a fazer um alerta à entidade responsável pelos trabalhos, a DGEMN /Monumentos Nacionais, que culminou na intervenção de conservação também da pintura mural.

(Foto de Arnaldo Silva, editada em postal (à venda na igreja)


"Slide" da apresentação sobre "A importância da Igreja de Adeganha no contexto dos Caminhos de Santiago", por N. Rebanda.




(Foto de Lúcia Pinto)


Igreja de Santiago de Adeganha - aspecto do conjunto de pintura mural do lado do Evangelho, com representações do Presépio, Apresentação do Menino Jesus no Templo e Adoração dos Reis Magos, entre outras (lado direito).

(Foto de N.Rebanda)



Pormenor da pintura representando a Adoração dos Reis Magos.

(Foto de N. Rebanda)


Painel representando S. Martinho, óleo sobre madeira, do primeiro quartel do séc. XVI, enquadrado no talha barroca do séc. XVIII.
Também foi alvo de restauro nos anos 90 do séc. XX.

(Foto de N. Rebanda)


Visita guiada realizada por N. Rebanda (PARM) em 14.07.2012, durante um programa de Visitas a Monumentos organizado pela ex-Direcção Regional da Cultura do Norte.

(Foto de Drª. Celeste Alves)

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Rescaldo da atividade DA "VILA VELHA (Santa Cruz da Vilariça) À VILA NOVA (Torre de Mendo Corvo)"

Como aqui noticiámos, realizámos ontem, dia 21/06/2025, uma visita guiada às ruínas da "Vila Velha" (Santa

Cruz da Vilariça), a que se seguiu a observação dos restos do Castelo de Torre de Moncorvo, com origem numa "fortaleza" mandada construir por D. Dinis, após a transferência do estatuto de Santa Cruz para a "vila nova" de Torre de Mendo Corvo.

Agradecemos a todos os participantes que não tiveram medo do calor da Vilariça, nem de cobras e carraças, já que as formigas que avistámos nos pareceram mais inofensivas do que as da lenda do despovoamento do dito cujo "locus" de Sancta Cruce.
No seguimento dos "Passeios Medievais" que realizámos em anos anteriores, esta foi a nossa forma de comemorarmos os 800 anos da atribuição do foral à vila de Santa Cruz por D. Sancho II (8/06/1225), revisitando os espíritos dos antepassados, na comunhão com o pó, longe de "salões nobres" a que não temos direito. Melhor assim.
Aqui a reportagem (dividida em duas partes) de Rómulo Duque sobre a visita guiada realizada pelo Parm Moncorvo no passado dia 21/06/2025 - parte correspondente ao Castelo da "vila nova" dionisina.
Esperemos que gostem:

(Retirado do Facebook do Sr. Rómulo Duque)


terça-feira, 17 de junho de 2025

Atividade: Da "Vila Velha (Santa Cruz da Vilariça) à Vila Nova (Torre de Mendo Corvo)"

 DA "VILA VELHA (Santa Cruz da Vilariça) À VILA NOVA (Torre de Mendo Corvo)"

A associação do PARM (Projecto Arqueológico da Região de Moncorvo) vai realizar no próximo dia 21/06/2025 (sábado), uma visita guiada às ruínas da "Vila Velha" (Santa Cruz da Vilariça), a que se seguirá, no regresso a Moncorvo, uma visita ao Castelo de Torre de Moncorvo.
A visita terá de ser em viaturas particulares, pelo que a concentração deverá ser às 8:30h, no Largo da República, ao lado do Cemitério Municipal (junto ao café do Santo Cristo), em Torre de Moncorvo, com saída por volta das 8:45h.
Quem preferir ir directamente pode tomar a via do IP-2 (eixo Pocinho /Junqueira e que atravessa o vale da Vilariça), e ao chegar à rotunda da Quinta da Portela, tomar a saída para Horta da Vilariça, sendo que a poucos metros de sairem da rotunda devem virar logo à esquerda, para um estradão de terra batida e subir o morro da Vila Velha /Derruída. O portão da propriedade estará aberto a partir das 9:00horas ou 9:15h o mais tardar.
Depois da visita à "Vila Velha" o regresso esperado a Torre de Moncorvo será pelas 11h, a que se seguirá a visita ao Castelo de Moncorvo.
Com esta jornada o PARM pretende também assinalar a Comemoração dos 800 anos do foral de Santa Cruz da Vilariça por D. Sancho II (1225-2025).
Para inscrição e mais informações contactar o nº. 279252670



segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

30º Aniversário do Museu do Ferro e da Região de Moncorvo

 PARA QUE SE NÃO ESQUEÇA...

O nosso papel foi (e é) fulcral na existência deste espaço.

Parabéns ao nosso Museu, aqui ficam alguns registos fotográficos publicados nas nossas redes sociais:(Facebook)



Bolo do 3º aniversário, com adornos de "minério" de chocolate




Na hora de cantar os parabéns ao Museu Ferro. 
(Foto de Arnaldo Silva)

Momento de convívio com a juventude. (Foto de Arnaldo Silva)

Entretanto recordou-se um pouco da história do Museu. Após a transferência da Ferrominas, de 1995 a 1999.  
(Foto de A.Andrês)

Texto de painel explicativo em que se salienta o papel do PARM na criação do Museu de Moncorvo, desde os anos 1980, até à recuperação do antigo museu mineiro.


Os projectos dos anos 1990 resultantes da candidatura do PARM a verbas do FEDER (PRONORTE), com a comparticipação do Município de Torre de Moncorvo.

Estes projectos visavam a recuperação e adaptação do edifício do antigo quartel da GNR, recuperação do logradouro transformando-o em espaço ajardinado e construção de um pavilhão para eventos ao fundo dos jardins.

O projecto elaborado entre 1996-1997 foi objecto de candidatura para execução através do programa PROCÔA, tendo sido aprovado e as obras iniciadas em 1999 e concluídas em 2000, sendo o PARM o dono da obra, com apoio do município.


Projecto de Arquitectura Paisagista, elaborado pelo gabinete Ambiap (março de 1997), tendo como requerente a associação do PARM.


Projecto museológico elaborado por Nelson Rebanda (PARM) que culminou na montagem da exposição permanente, de responsabilidade de Jorge Custódio e N. Rebanda, com execução museográfica da MóduloExpo em 2002.

Apoio financeiro: AIBT-Côa

Dono da obra: PARM -Parm Moncorvo

Compartcipação nacional: Município de Torre de Moncorvo.



A Senhora Vice-Presidente do Município de Torre de Moncorvo, partindo o bolo de aniversário.
"E venham mais 30!" - proclamou na ocasião o Senhor Presidente José Meneses.

 (Foto de Arnaldo Silva)


quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

In memoriam Prof. Adriano Vasco Rodrigues

Homenagem Prof. Adriano Vasco Rodrigues, Sócio Honorário do P.A.R.M e amigo do Museu do Ferro e de Torre de Moncorvo

Os nossos contactos remontam a 1983, aquando da inauguração do Museu do Ferro da Ferrominas (no bairro mineiro) e posteriormente em 1986, nos primórdios do PARM, quando organizámos a primeira grande exposição de Arqueologia & História, patente numa área do Mercado Municipal (antes da existência do actual Museu). Salientamos os trabalhos pioneiros do Prof. Adriano e de sua esposa, Drª. Maria da Assunção Carqueja, natural do Felgar, autora de uma monografia de Moncorvo em que estudou boa parte dos pergaminhos do arquivo desta vila, sua tese de licenciatura na Universidade de Coimbra.
E foi pela via deste matrimónio que o Prof. Adriano, beirão de Longroiva (concelho da Meda), passou a frequentar terras de Moncorvo, com epicentro na aldeia do Felgar, de onde era natural sua esposa. Ainda no dealbar dos anos 1960, com D. Domingos de Pinho Brandão, bispo auxiliar do Porto, arqueólogo e epigrafista, empreenderam uma missão de estudo arqueológico do vale da Vilariça, cujos resultados publicaram na revista Lucerna, órgão do Centro de Estudos Humanísticos, sedeado no Porto. Este grémio de estudiosos vai estar na génese da restauração da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que o Professor Adriano só não integrou certamente por ter sido destacado para Angola com o cargo de inspector geral do Ensino. Em Angola, prosseguiu os seus trabalhos de investigação históricos e arqueológicos, como nos conta no seu belo livro "De Cabinda ao Namibe", de onde salientamos a saga da descoberta dos destroços de um veleiro holandês no deserto do Namibe, algo afastado da costa.
De resto, da sua vasta bibliografia constam obras de carácter pedagógico, como os manuais do ensino liceal (antes de 1974) "História Geral da Civilização", obras muito cuidadas, até ao nível do grafismo, testemunhando a sua faceta de pedagogo. Neste campo, destaque-se o exercício do cargo de reitor do Liceu D. Manuel II, no Porto, estabelecimento de ensino de referência à época. Nunca deixando de ser um Professor, viria mais tarde a leccionar na Universidade Portucalense e, a nível internacional, dirigiu uma Escola Superior em Möl, na Bélgica.
Devido à exigência desses cargos, infelizmente a sua dedicação à actividade arqueológica, mais prolífera no dealbar dos anos 1960, quando descobriu a famosa estela decorada da Idade do Bronze de Longroiva, e depois de um estágio realizado na Alemanha Federal, onde se inteirou de procedimentos técnicos mais rigorosos ao nível do registo arqueológico, acabaria por ser cada vez mais esporádico. Remonta a essa época (1961) o manual "Arqueologia da Península Hispânica - Do Paleolítico à Romanização", compilando o conhecimento até então produzido em ambos os países ibéricos. Mesmo assim, são inúmeros os artigos que produziu na área da arqueologia, a par das temáticas de História e Etnografia e a ele se deve uma experiência pioneira em Portugal, no campo da chamada Arqueologia Experimental, a qual foi a construção de um forno de fundição de tipologia arcaica (proto-histórica ou romana), igualmente inspirado na tecnologia dos ferreiros africanos, com o qual conseguiu fundir uma pequena porção de ferro, num terreno de seu sogro, Sr. Gualdino Carqueja, na zona mineira do Carvalhal, Torre de Moncorvo.
Em criança teve o privilégio de conhecer o maior vulto da arqueologia portuguesa, José Leite de Vasconcelos, que foi hóspede da casa paterna em Longroiva (seus pais eram professores primários). Achou-o sisudo e pouco afectuoso, talvez por não dar importância a uma criança de tenra idade. Mas, descontando esse contacto tangencial, conheceu e tratou com os maiores da arqueologia portuguesa da sua geração e mesmo dos mais novos. Não por acaso fez parte do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto (CEAUP), acompanhando com interesse os trabalhos de jovens investigadores realizando trabalhos no sul de Angola.
É de referir ainda, no campo dos seus múltiplos interesses, o estudo do judaísmo e história dos Cristãos Novos da Beira e de Trás-os-Montes, tendo colaborado na criação do Museu Judaico de Belmonte.
Em Torre de Moncorvo, além dos estudos publicados, nomeadamente uma monografia do Felgar, participou em algumas actividades do Parm Moncorvo , marcando presença em exposições realizadas no nosso Museu do Ferro & da Região de Moncorvo . Por isso, e pelo seu exemplo e incentivo, foi considerado nosso Sócio Honorário e Amigo do Museu em 2009. Chegámos a sugerir ao município de Torre de Moncorvo, por essa ocasião, a organização de uma homenagem pública à sua pessoa e sua esposa, nossa conterrânea, Drª. Maria da Assunção Carqueja Rodrigues. Apesar de termos sido afastados desse processo (sem que saibamos porquê, mas é algo a que também já estamos habituados), essa homenagem acabou por se realizar na Biblioteca Municipal no dia 15.10.2011.
Partiu um dos últimos sábios do nosso panorama cultural, não no sentido de alguém detentor de um mero saber livresco, mas ao nível de um percurso de vida e de uma experiência pessoal riquíssima. De uma aldeia beirã de origens castrejas (Langobritas) nos limites da civitas Medobrigenses, que viria a ser terra acastelada de Templários, este ser de excepção acabaria por se afirmar bem longe, não só nos areópagos culturais da urbe, como no que era então um Portugal maior, com as suas andanças por África. Fechado o "ciclo do império", não se ficou pela pequena casa lusitana, tendo dado cartas na mítica Europa do norte, essa Flandres tão frequentada pelos lusos desde o "quatrocento" e onde tantos cristãos-novos (quiçá seus ancestrais) se acolheram depois do édito da expulsão manuelino. E nem aí se ficou pelo múnus burocrático e pedagógico: visitando museus e catedrais, deu conta das semelhanças entre certas obras de arte aí existentes e o famoso tríptico flamengo que reside na igreja matriz de Torre de Moncorvo, tendo publicado um valioso estudo sobre o mesmo, assinalando-lhe a origem em Antuérpia e datando-o de cerca de 1500.
Foi para nós, PARM, uma subida Honra termos o Professor Adriano como Sócio Honorário e por nos ter distinguido com a sua estima e amizade. Perdemos o último dos sócios honorários, mas ganhámos muito em o termos como um dos nossos.
Paz à sua alma e sentidas condolências à família enlutada.

A Direcção do PARM.


Prof. Adriano Vasco Rodrigues durante a sessão de homenagem que compatilhou com sua esposa, Doutora Assunção Carqueja, em 2011. -

( Foto N.Campos)


Prof. Adriano Vasco Rodrigues, durante uma conferência no auditório do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, em 20.10.2007 . -

( Foto N.Campos /arquivo MF&RM)


Prof. Adriano V. Rodrigues, o primeiro a contar da direita, com elementos do PARM e Doutora Conceição Salgado (Associação dos Antigos Alunos e Amigos do ex-colégio Campos Monteiro), numa jornada sobre História Local. 20.10.2007 - 

(Fotografia de Luís Lopes /arquivo MF&RM)


Doutora Assunção Carqueja Rodrigues, Prof. Adriano Vasco Rodrigues e Eng. Aires Ferreira, durante a sessão de homenagem realizada na Biblioteca Municipal de Torre de Moncorvo em 15.10.2011. - 

(Fotografia N.Campos)

Prof. Adriano V. Rodrigues, nos anos 1960, observando o forno de fundição de ferro construído a título experimental num terreno de seu sogro, no Carvalhal, freg. de Felgar, concelho de Torre de Moncorvo. 

(Fotografia que nos foi gentilmente cedida pelo autor nos anos 1990)


Capa da separata do artigo sobre as "Ferrarias de Moncorvo" in "Boletim dos Amigos de Bragança", números 14-16. Bragança, 1965.


Capa da separata do artigo "Subsídios para o estudo das ferrarias do Roboredo, Moncorvo", Porto 1962, de autoria de Maria da Assunção Carqueja Rodrigues e Adriano Vasco Rodrigues.