Vista geral da igreja da Adeganha e sua envolvente, a partir da escola primária.
Tendo em vista assinalar a Semana Europeia da Democracia Local, o Presidente da Junta de Freguesia da Adeganha, Sr. Guilhermino Soares, lançou-nos o repto de se fazer uma pequena mostra sobre o património cultural da freguesia de Adeganha, na sede desta freguesia, assim como uma palestra associada ao assunto. Correspondendo ao desafio, realizou-se no passado dia 10 de Outubro, pelas 16;00h, a acção que intitulámos: "Adeganha - Arqueologia, História e Património", que teve lugar no edifício da antiga escola primária, perante uma plateia muito atenta e interessada em saber algo mais sobre a importância dos seus valores culturais.
A organização do evento coube à Junta de Freguesia de Adeganha, Museu do Ferro & da Região de Moncorvo/Câmara Municipal de Torre de Moncorvo/ PARM.
O Presidente da Junta de Adeganha falando na abertura da sessão e apresentando os palestrantes. .Através de uma projecção em Powerpoint procurou-se evidenciar o rico património da freguesia de Adeganha, que conta com dois Monumentos Nacionais (ruínas da vila morta de Santa Cruz da Vilariça e igreja românica de Adeganha) e um Imóvel de Interesse Público, o importante arqueossítio do Baldoeiro, cujo processo de classificação foi iniciado pelo PARM, nos inícios dos anos 90, em colaboração com o IPPAR.
Mas a "viagem temporal" desfiou um rosário de locais onde se encontraram vestígios desde as mais remotas eras, desde os tempos neolíticos e início da Idade dos Metais (através de achados de machados polidos e cerâmicas decoradas, em pontos como o Baldoeiro, Senhora do Castelo, Fraga Amarela), passando pela Idade do Ferro, com os "castros" do Castelo dos Mouros, Senhora do Castelo, Castelo da Junqueira, e a culminar no período romano, com abundantes vestígios na orla virada ao vale da Vilariça, desde as quintas da Portela, Silveira, Terrincha até à Junqueira e Ribº. de S. Martinho.
Aspecto da sessão, perante um auditório muito atento.
Descontando os chamados "tempos obscuros" após a invasão dos bárbaros e dos "mouros", de que pouco ou nada se sabe, parece ter-se dado, na Idade Média, a reocupação de alguns pontos mais defensáveis, alguns com focos de povoamento anteriores. Contudo, os principais vestígios desta época vão encontrar-se no Baldoeiro, Senhora do Castelo e, finalmente, na chamada Vila Velha (Santa Cruz da Vilariça), que vai estar na génese do actual concelho de Torre de Moncorvo.
Explanação de Eugénio Cavalheiro sobre a Igreja de Adeganha
É ainda no período medieval que se insere a importante igreja românica de Adeganha, com toda a certeza associada aos Caminhos de Santiago. Sobre a história deste monumento, sua arquitectura e decoração simbólica, falou o Sr. Comandante Eugénio Cavalheiro, presidente da mesa da Assembleia Geral do PARM, e investigador de História de Arte, com vários trabalhos já publicados. Eugénio Cavalheiro mostrou diversas imagens do exterior e interior da igreja, explicando o significado dos diversos frescos recentemente restaurados, bem como os retábulos quinhentistas e talha dourada do período barroco. Aproveitamos para anunciar que Eugénio Cavalheiro tem no prelo uma monografia dedicada à igreja de Adeganha.
Momento da explicação da exposição.
Foi também referido o importante património vernacular (construção tradicional) que se deve preservar o mais possível, sempre em respeito pela melhoria de condições de vida das pessoas, mas sem desvirtuar a traça original e o aspecto geral das povoações, como especial destaque para a Adeganha, pois isto é uma mais-valia que pode ser aproveitada para fins turísticos.
No final foi feita uma visita guiada aos painéis em que se desenvolve um pouco da evolução histórica da nossa região, e em que a freguesia de Adeganha tem um lugar de destaque.
Uma vitrina com vários objectos arqueológicos recolhidos nesta freguesia (machados polidos, cerâmicas pré-históricas, castrejas e medievais, além de moedas romanas e medievais) completaram a explicação.
Foi destacada a colaboração de pessoas de Adeganha que ao longo dos tempos nos ofereceram objectos e forneceram preciosas informações, como foi o caso do nosso Amigo Sr. Alberto Vilela, proprietário de terrenos na Senhora do Castelo. De sua autoria estiveram patentes na exposição duas maquetes, uma da igreja de Adeganha e outra do antigo paçal (casa do abade).
Vitrina com alguns objectos arqueológicos procedentes da freguesia de Adeganha.
A acção foi encerrada com um Porto de Honra, seguida de um excelente convívio e troca de informações com as pessoas presentes.
Agradecemos à Junta de Freguesia de Adeganha esta oportunidade, esperando nós repetir acções análogas noutras freguesias, tendo em vista a sensibilização da população para os valores patrimoniais das suas terras, elevando a auto-estima colectiva, e promovendo o desenvolvimento turístico.
Da parte do PARM colaboraram nesta acção: Eugénio Cavalheiro, Nelson Campos, Rui Leonardo.
Fotos: Rui Leonardo/PARM
2 comentários:
Ora, ainda bem que há freguesias históricas, ou um Sr. Presidente, que acolitados por outras pessoas de bem, insistem e promovem iniciativas deste cariz.
Infelizmente, não soube, não vi divulgado, nem sequer tive conhecimento prévio da realização desta palestra/exposição.
Por certo, quem ficou a perder foi só eu. É a vida...
Cps.
carlos seixas
Caríssimo Carlos,
Tens razão no que toca à questão da divulgação. Da nossa parte falhou um bocado devido a outros afazeres. Em todo o caso a ideia era fazermos uma sessão informal e despretensiosa, aproveitando os painéis e alguns materiais daquela exposição que realizámos no Museu no verão do ano passado - e lembro-me que estiveste na inauguração. É facto que no caso vertente se fez um enfoque específico na freguesia de Adeganha, valendo sobretudo pela explicação do nosso Comandante Cavalheiro sobre a igreja românica desta aldeia. Mas logo que saia a publicação que ele tem no prelo, ficas de todo inteirado.
Prometemos que a próxima actividade deste género (tipo "O Museu vai à aldeia") terás a devida divulgação.
abraço,
N.Campos
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