Tendo analisado o EIA (Estudo de Impacto Ambiental) do troço do IP.2 – Junqueira/Pocinho, temos a considerar o seguinte:
1) Sobre o sítio arqueológico mencionado no E.I.A como capela de Sª da Conceição, vulgo Capela do Roncal, próximo da Qtª. da Portela (Sítio nº.30 do capítulo respectivo do EIA) parece-nos que o nó para aí previsto vai ter um impacto directo sobre este imóvel, que é uma capela do séc. XVI com estelas romanas embutidas nas paredes. Dever-se-á estudar uma solução que preserve a capela e assegure a sua conservação, após levantamento rigoroso;
2) Também não sabemos qual o grau de afectação do sítio arqueológico de Chão da Capela (necrópole romana associada a possível templo), junto ao nó da Junqueira, e que é outro local onde se recolheram estelas romanas e outros vestígios; deve o mesmo ser estudado convenientemente, não se limitando a um mero acompanhamento de obras (que é como quem diz: acompanhamento da destruição), como aconteceu recentemente com o plano de regadio da Vilariça, relativamente a este mesmo sítio;
3) É preocupante a proximidade do traçado proposto relativamente às Ruínas de Stª. Cruz da Vilariça, vila medieval fortificada, classificada como Monumento Nacional (D.R., decº. 26-A/92(B), 01.06.92), não só pela destruição da envolvente cénica/paisagística, o que é grave numa óptica de aproveitamento turístico futuro deste monumento, como também pelo risco de vibrações e trepidação resultantes quer do movimento de máquinas, quer de rebentamento de explosivos, num cenário de construção da via na implantação pretendida. Neste caso poderão ser afectadas as muralhas da fortificação medieval referida, já de si em precário estado de conservação e a reclamar medidas de recuperação urgentes;
4) Existem estruturas, talvez medievais, soterradas no sopé do cabeço da Vila Velha/Derruída, junto da Qtª. do Feiticeiro, as quais apareceram em 2005 durante abertura de valas de sondagem geológica, e que poderão ficar “sepultadas” para sempre sob os escombros dos aterros da estrada, pelo que se deveria proceder a escavações, com registo criterioso;
5) Alertamos ainda para eventuais vestígios que poderão aparecer nas imediações da Qtª. da Terrincha, no sopé do monte de N. Senhora do Castelo (Olival das Fragas), assim como na zona da Qtº. do Campo e outros locais, visto que nos parece que não houve prospecções sistemáticas exaustivas (“fieldwalking”) durante a elaboração do E.I.A.;
6) Sobre o impacto arqueológico e visual do traçado proposto, achamos que poderia ser minimizado se se aproveitasse ao máximo o traçado existente, sobretudo o que foi inaugurado como troço do IP2, por volta de 1990, pelo então Primeiro-Ministro, Prof. Cavaco Silva!
A Direcção do PARM.
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1 comentário:
Anónimo disse...
Caros Consócios,
A propósito deste assunto, para além do Engº Ricardo de Magalhães (ver Jornal de Notícias de 30.01.2008)também a Engª Elisa Ferreira, ex-ministra do Ambiente e actualmente Eurodeputada, tomaram posições convergentes com a nossa. Ver o artigo de Elisa Ferreira no Jornal de Notícias de domingo passado(2008.02.17) intitulado: "A petição do Douro". Aqui se lê: "esperar-se-ia que as propostas de atravessamento por estrada fossem rodeadas de cuidados absolutamente excepcionais no sentido de interferirem o mínimo possível com a paisagem, com valores ambientais relevanes e, ainda, com estruturas fundamentais de produção vinícola de grande qualidade. E é neste preciso sentido que deveria ser interpretada a recomendação consagrada no estudo prévio sobre a construção do IP2 nesta zona: aproveitar tanto quanto possível, o traçado da estrada existente (EN 120)".
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