segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Plantação de Buxo nos Jardins do Museu


"O buxo ou buxinho (Buxus sempervirens) é uma planta da família buxaceae, lenhosa, em geral arbustiva, com folhas inteiras e perenes, freqüentemente opostas, sem estípulas. As flores são de sexos separados e raramente estão em plantas diferentes, sendo monoclamídeas, com 4 tépalas, 4 estames epissépalos. O fruto é capsular, apresentando sementes com carúncula. É espécie originária do Velho Mundo [Europa], sendo muito cultivada para jardinagem" (in: Wikipedia - artigo Buxo).




O buxo, consagrado na Antiguidade a Hades [deus dos infernos, para os antigos gregos] ou a Cibele [deusa da energia encerrada na Terra], era e continua a ser um símbolo ao mesmo tempo funerário e de imortalidade, porque permanece sempre verde ["semprevirens" = sempre verde]. Este significado está relacionado com o uso do buxo no dia de Ramos, nos países nórdicos, em vez das palmas, preferidas nos países quentes , e com o facto de se plantar buxo nas campas. // Além disso, como também tem uma madeira dura e compacta, o buxo simboliza também a firmeza, a perseverança (...) // Os gauleses divinizavam o buxo, símbolo de eternidade. (....) //... nada surpreende que o mesmo arbusto fosse consagrado a Afrodite, a Cíbele, a Hades e simbolizasse ao mesmo tempo o amor, a fecundidade e a morte, dado que é a imagem do ciclo da vida". (in: CHEVALIER, J. & GHEERBRANT, A., Dicionário dos símbolos, Teorema, 1994 - ed. original, 1982, artº. "Buxo")


Nas terras de Miranda, devido à sua dureza, sonoridade e bela cor de marfim, a madeira de buxo é utilizada na confecção das ponteiras das gaitas de fole. Usa-se ainda nos cabos dos célebres canivetes de Palaçoulo, que são um verdadeiro "bilhete de identidade" dos transmontanos. Também nessa área cultural, as ramagens de buxo servem para forrar os andores de oferendas frumentárias, nas festas do Bitoró (Soutelo) e Senhora do Carrasco (Azinhoso), no concelho de Mogadouro. (Sobre este assunto, ver CAMPOS, N., "O 'ramo dourado' e o Bi-tó-ró, como expressão de aclamação do novo rei da festa", in Forum Terras de Mogadouro, 12-39, Mogadouro, 2001)


Existe o buxo de jardim e o buxo em estado selvagem. Quanto ao primeiro é frequentemente utilizado em sebes (por exemplo, no jardim municipal de Torre de Moncorvo) e nos cemitérios (também existe no cemitério desta vila), evidenciando, neste caso, uma curiosa persistência cultural que tem a ver com o simbolismo milenar evocado no artigo do Dicionário de Símbolos, acima citado. O buxo selvagem tem no vale do rio Sabor uma das maiores colónias conhecidas, surgindo ao longo das margens, no chamado leito de cheia (ver a primeira foto acima), pelo que ficará submerso pela projectada barragem. Assim, com o intuito da preservação de uma amostra desta espécie da nossa região, foram plantados no jardim do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo três pés de buxo, oferecidos pelo actual Presidente da Direcção, Engº Afonso Calheiros e Meneses, que os tinha no seu jardim mas que recolhera no vale do Sabor.

Um dos intuitos do PARM, na âmbito da gestão do Museu, foi privilegiar a plantação de espécies da região no respectivo terreno, no sentido da criação de um mini-jardim botânico, ou seja, procurando representar a "biodiversidade num palmo de terra". Neste caso, o buxo agora plantado, ficou ao lado de um medronheiro, espécie característica da serra do Roborêdo - uma forma de associar, pela botânica, duas áreas do maior interesse ambiental e ecológico do nosso concelho: a Serra e o vale do Sabor.

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