segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ciência Viva no Verão - Minas da Carvalhosa

O PARM realizou, no passado sábado, a segunda de três actividades relacionadas com o Programa Ciência Viva no Verão, desta vez nas minas de ferro de Moncorvo - zona da Carvalhosa. A orientação da sessão ficou a cargo dos Drs. Nelson Campos e Rui Leonardo, e com a excelente colaboração do geólogo, Dr. Higino Tavares.

Aqui ficam as imagens do evento que reuniu 30 pessoas de vários pontos do país, preenchendo a totalidade das vagas. Agradecemos, desde já, a sua participação.







(imagens: Arquivo PARM)

Para saber mais sobre as minas de Moncorvo, ver a excelente reportagem de autoria de Lígia Meira e Marcos Prata, para a Localvisão

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Palestra "Geologia como Ciência Forense"



Convidam-se todos os interessados para assistirem à palestra "A Geologia como Ciência Forense", pelo Prof. Doutor Fernando Noronha, no próximo dia 6 de Setembro (Sábado), pelas 15.30 horas, no Auditório do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo.


O Prof. Doutor Fernando Noronha, é Professor Catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, com vasta obra publicada no âmbito da Geologia. Temos a honra de o receber, pelo segundo ano consecutivo, no Museu do Ferro com uma palestra de particular relevância. Recorde-se que no ano transacto proferiu a palestra "Jazigos de Ferro Portugueses", com grande destaque para o Jazigo de Ferro de Moncorvo.

Contamos com a vossa presença e a melhor divulgação deste evento!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Feiras de Asininos em terras de Mogadouro e Miranda

Os nossos amigos do Planalto, a AEPGA (Assoc. para o Estudo e Protecção do Gado Asinino) vão promover, nos próximos dias 5 e 6 de Setembro, duas importantes actividades relacionadas com a divulgação e promoção do burro de raça mirandesa. Aqui ficam os cartazes:



É de salientar que os asininos de raça mirandesa se encontram em risco de extinção, pelo que devemos contribuir para a sua preservação.
Por outro lado, as antigas feiras do Naso e de Azinhoso, estas últimas conhecidas desde a Idade Média, eram o grande ponto de encontro dos povos do planalto, onde "mercavam" as suas reses (não só burros, mas muares, gado vacum mirandês, e naturalmente outras coisas). Aí se comia a famosa "posta mirandesa" e se convivia. Por isso, aqui fica também a nossa recomendação para que visite e participe nestes eventos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ciência Viva no Verão - Fraga do Arco

No passado sábado, dia 22 de Agosto, teve lugar a primeira das três actividades programadas pelo PARM para o Programa Ciência Viva no Verão 2009, que se centrou na Fraga do Arco, em Maçores.
A explicação geológica ficou a cargo do geólogo Dr. Rui Sousa e Rodrigues, que demonstrou como teria origem a formação quartzítica que consitui este monumento geológico.
Aqui ficam as imagens do evento que contou com a participação de 20 pessoas, originárias do concelho de Moncorvo, assim como de outros pontos do país.
A organização agradece aos participantes todo o empenho e interesse demonstrado no decorrer da acção.

A fraga do Arco, vista do ponto de explicação da formação quartzítica, onde se insere.

Os participantes atentos à explicação do Dr. Rui Sousa e Rodrigues



A chegada...


Fotografia de grupo com os participantes da acção.

Os jovens na Fraga.


Um momento de descanso e de apreciação da envolvente...


Formação quartzítica que se encontra defronte da fraga do Arco,
na margem direita do ribeiro de Vale de Cerejais.
(Fotos: Arquivo do PARM)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Programa Ciência Viva - Geologia e Biologia no Verão 2009

Pelo terceiro ano consecutivo o PARM organiza actividades no âmbito do Programa Ciência Viva. No corrente ano decidimos organizar uma actividade no âmbito da Biologia no Verão, associada a outras duas relacionadas com a Geologia.

A inscrição nas actividades é obrigatória, com o máximo de 30 participantes por actividade. Podem efectuar as inscrição através dos seguintes meios:

- Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, no Largo Dr. Balbino Rego
- pelo telefone: 279 252 724
- por e-mail: parmoncorvo@gmail.com ou museu-ferro@hotmail.com
- pelo site do Programa Ciência Viva: http://www.cienciaviva.pt/veraocv/2009/

Recomendamos aos participantes trazerem roupa e calçado apropriado, bem como protector solar, dada as elevadas temperaturas e intensidade do raios ultra-violetas.

Contamos com a vossa participação e a melhor divulgação deste evento!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Palestra sobre Património do concelho de Torre de Moncorvo - em jeito de balanço

Mesa da conferência, no início da sessão
Como foi anunciado, realizou-se no sábado passado, dia 8 de Agosto, no auditório do Museu do Ferro e no contexto da Exposição "VESTÍGIOS...", a palestra sobre o Património Arqueológico e Arquitectónico do concelho de Moncorvo.
Aberta a sessão pelos representantes do município (Sr. João Rodrigues, em representação do Sr. Presidente da Câmara) e do PARM (Engº. Afonso Calheiros e Menezes, Presidente da Direcção), seguiram-se as intervenções do Sr. Prof. Doutor Adriano Vasco Rodrigues, Sr. Norberto Santos e Drs. Nelson Campos e Rui Leonardo.
O Professor A. Vasco Rodrigues, Amigo do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, referiu-se aos seus trabalhos pioneiros, em co-autoria com sua esposa, Drª. Maria da Assunção Carqueja (natural do Felgar), sobre a problemática da metalurgia antiga na região, partindo do estudo dos escoriais e da documentação (nomeadamente pergaminhos medievais actualmente guardados no Arquivo Histórico de Torre de Moncorvo), tendo realizado escavações e até uma reconstituição de um forno de fundição, no que pensamos ter sido o primeiro caso de Arqueologia Experimental em Portugal (1963). Referiu-se ainda aos seus trabalhos em colaboração com o insigne epigrafista D. Domingos de Pinho Brandão, no Vale da Vilariça (Missão de estudo arqueológico, em 1962), e a descoberta da ara dedicada a Denso, em Silhades, no vale do Sabor, entre outros valiosos contributos para a arqueologia e história da nossa região.


Imagem da apresentação, com evocação dos pioneiros da Arqueologia da região.

O Sr. Norberto Santos, filho do Prof. Santos Júnior, residente em Torre de Moncorvo (e também Amigo do Museu do Ferro) relatou algumas andanças de seu pai, nomeadamente em Moçambique, onde partiu uma perna na sequência de um ataque de abelhas bravias, quando procedia ao levantamento de uma gruta com pinturas rupestres. A partir desse acidente o Prof. Santos Júnior passou a ter de usar uma bengala, a qual usava como escala, nos seus registos arqueológicos.

Os organizadores desta sessão fizeram questão de referir ainda o contributo de outros pioneiros da arqueologia da região, como o abade José Augusto Tavares (1868-1935), e, a nível mais local, as recolhas do Dr. Horácio Simões, Sr. Almiro Sotta e Sr. Amílcar Pinto Rebelo. Como parece que em Portugal a memória dos novos investigadores é normalmente curta e não-raro depreciativa relativamente aos contributos anteriores, ao contrário, os investigadores do PARM,querendo marcar a diferença, entendem ser da maior justiça mencionar todo o trabalho anterior, o que possibilitou que a Carta Arqueológica do concelho seja particularmente rica, apesar de muitos dos achados, infelizmente, não se encontrarem na região, devido ao facto de não ter existido, até tempos bem recentes, um Museu local onde essas peças ficassem resguardadas. Foram referidos vários casos de objectos arqueológicos em Museus nacionais, como o Museu Nacional de Arqueologia (onde se encontram os berrões das Cabanas, um dos quais é emblema do PARM, a ara do Baldoeiro, a estela calcolítica do Couquinho e o ídolo de Moncorvo), além de outras peças dispersas pelo Museu Geológico de Portugal, Museu do Abade de Baçal, etc..

Professor Adriano Vasco Rodrigues, no uso da palavra, e Sr. João Rodrigues, assessor e representante do Sr. Presidente do Município

Segundo Nelson Campos, o objectivo desta sessão foi também o de se fazer um balanço (ainda que necessariamente breve e muito preliminar) do estado dos conhecimentos sobre o património arqueológico e arquitectónico existente (e identificado até à data) no concelho de Torre de Moncorvo. A partir daí, tentou-se traçar um quadro da ocupação humana do nosso território (que obviamente não se confina às fronteiras artificiais do concelho), pelo menos nos últimos 5.000 anos, já que os dados para épocas anteriores são bastante escassos. Assim, a palestra visava dar um pouco mais de substância à Exposição "VESTÍGIOS...", funcionando como um complemento, ou como outra face de uma mesma moeda, tendo em vista a organização de uma futura sala de Arqueologia & História, prevista desde o início, nos espaços do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo.

O mesmo responsável do PARM e do Museu do Ferro referiu os primórdios dos trabalhos de Carta Arqueológica do concelho de Torre de Moncorvo, por si iniciada em 1981, ainda como trabalho pessoal de foro académico, no 1º ano da FLUP, tendo acabado por se incorporar no inventário arqueológico do concelho desenvolvido a partir de 1983, quando o PARM se organizou como grupo (ainda que informal), com vários colegas de curso da mesma Faculdade (Alexandra Lima, Miguel Rodrigues, Paulo Dordio, Ricardo Teixeira, Joaquim Henriques, Paulo Amaral e outros). Colaboraram ainda nesses trabalhos Higino Tavares, Carlos Ferreira, Alberto Castelo, entre outras pessoas que nos forneceram preciosas informações e ofereceram vários objectos arqueológicos. Este registo, com base em prospecções e identificação cartográfica de informações recolhidas, culminaria num primeiro relatório e ficheiro fornecidos à Câmara Municipal de Torre de Moncorvo em 1993, para inclusão no PDM (Plano Director Municipal).

Sr. Norberto Santos, filho do Professor Santos Júnior, no uso da palavra

Por solicitação do município de Torre de Moncorvo ao PARM, durante o ano de 2008 procedeu-se à revisão e aditamento do anterior inventário arqueológico do concelho, tendo em vista a revisão do PDM concelhio. Foram entregues em Janeiro de 2009 três volumes (sendo um de Relatório introdutório, chaves de leitura e bilbiografia geral + 2 vols. de ficheiro, incluindo localizações e definição de perímetros de protecção em cartografia digital), tendo-se ampliado consideravelmente o documento anterior, isto apesar de haver consciência de que falta ainda muita coisa, uma vez que, como foi dito, "um inventário arqueológico é um documento sempre em aberto".

A pormenorização das partes constituintes do Inventário Arqueológico do concelho esteve a cargo de Rui Leonardo, licenciado em Arqueologia, membro da Direcção do PARM e que também trabalhou nesta fase de revisão do dito Inventário. Foi dada a conhecer a ficha de levantamento utilizada e substancialmente melhorada em relação à versão anterior, referindo-se cada um dos campos, além de todos os processos metodológicos que estiveram na base do trabalho.

Em jeito de síntese, foi referido que o ficheiro do inventário do concelho entregue para o novo PDM, incluía um total de 165 sítios arqueológicos e outros valores patrimoniais (incluindo a área do Douro classificada como Património Mundial/Alto Douro Vinhateiro, na freguesia da Lousa). Não se entrou em detalhes na área do vale do Sabor, onde se realizaram estudos de pormenor por outras equipas a soldo da EDP, visto que, como será uma área a ser submersa pela albufeira de uma grande barragem, não fazia sentido incluir a totalidade dos sítios detectados num documento que se pretende de gestão futura do território (solo utilizável), como é o PDM. Em todo o caso, como foi dito, esse registo poderá ser incluído na publicação final, como forma de se entender a totalidade do património e a articulação das redes de povoamento numa visão mais global.

Dr. Rui Leonardo durante a sua intervenção
Através de vários gráficos, Rui Leonardo mostrou as diferentes tipologias de património registado e sua valoração (classificado/não classificado, e, dentro dos não classificados, os graus de importância atribuídos). Houve uma tentativa de distinção de dois grupos principais (tendo em conta até o título do documento: a) Património Arqueológico; b) Património Edificado (cabendo neste o património construído erudito e o rural ou vernacular). Assim, no primeiro grupo consideraram-se 70 sítios arqueológicos (de diversos períodos) e no 2º grupo 76 elementos patrimoniais de tipo construído, sendo certo que não se incluíram muitas capelas, nem todas as casas de traça solarenga, faltando ainda muitos moinhos, pombais, apiários etc., razão pela qual o PARM pretende dar continuação a este trabalho e propôr uma actualização temporária e sistemática do referido inventário.

Em termos de património classificado, foi referido que existem 3 Monumentos Nacionais (igreja matriz de Torre de Moncorvo, igreja matriz de Adeganha e ruínas de Santa Cruz da Vilariça), 14 Imóveis de Interesse Público (com predomínio de capelas, embora com dois sítios arqueológicos e ainda os vestígios do castelo de Mós) e ainda uma pequena extensão do Património Mundial equivalente à paisagem cultural do Alto Douro Vinhateiro, na vertente sul da freguesia da Lousa. Estão em vias de classificação há vários anos, o sítio arqueológico de Silhades (Felgar), que, pelos vistos, acabará submerso pela albufeira do baixo Sabor, as peças originais do chafariz filipino recolocado há poucos anos na praça Francisco Meireles, e a igreja matriz do Larinho, proposta pelo PARM. Foi ainda sob proposta ou em colaboração com o PARM que se classificaram os sítios arqueológicos do Baldoeiro e Alfarela e o santuário do Santo Apolinário de Urros, além da proposta (que não se efectivou) do conjunto arqueológico e edificado de Silhades.

Apresentação da cartografia de síntese e conclusões sumárias do trabalho

No final, Nelson Campos apresentou uma tentativa de síntese cartográfica dos sítios arqueológicos conhecidos por períodos e tipologia, desde a pré-história recente ao período medieval, evidenciando os modelos de povoamento característicos das diferentes fases.
Se, por um lado, se detectaram algumas constantes entre o povoamento da Pré-história Recente e a Idade do Ferro em relação aos períodos posteriores a correlação continua a notar-se em vários pontos, embora sem uma sobreposição exacta, entre o período dito "castrejo" (Idade do Ferro) e a época romana, em que se nota, tal como em muitos casos no Noroeste, uma "descida" dos habitantes indígenas dos seus promontórios fortificados para os povoados romanos ("villas" ou "vicus") em zonas abertas, de vale. Poucos são aqui os "castros" em que se encontram vestígios abundantes da época romana no interior dos seus recintos.
Do mesmo modo, o período pós-"Reconquista" parece fazer deslocar o povoamento, de novo, para os pontos mais altos e defensáveis. Feito o balanço da ocupação medieval, foi abordada a questão específica dos escoriais de ferro, que vão desde as coincidências com vestígios desde a época romana até ao período medieval e posteriores. Só escavando esses escoriais se podem "afinar" as cronologias e também saber mais sobre os processos tecnológicos - outra grande via de pesquisa, segundo o PARM. Foram referidos, neste passo, além dos estudos pioneiros do professor Adriano Vasco Rodrigues, os últimos trabalhos do Sr. Prof. Engº. (jubilado) Horácio Maia e Costa, em vias de publicação. Tivemos a honra de acompanhar as recolhas que fez, no terreno, no ano passado, tendo-nos o autor já comunicado os resultados preliminares, com muitas novidades interessantes, pelo que se impõe a classificação de todos os escoriais de ferro do concelho, pelo menos e para já, como Valores Concelhios.

Várias outras conclusões foram tiradas, além do alerta que foi deixado para a necessidade de preservação destes vestígios, como um imperativo de cidadania, pois são estes testemunhos, frágeis em muitos casos, que nos permitem responder à grande questão: quem somos e para onde vamos? N. Campos disse ainda, apontando para o computador portátil, que somos como esta máquina: sem memória não funcionamos; uma sociedade desmemorializada, seria uma sociedade amnésica, alzheimerizada, sem consciência de si própria, uma não-sociedade, ou no mínimo, uma sociedade de seres irracionais. Daí a importância da preservação destes "VESTÍGIOS...", podendo ser o PDM um grande instrumento para esse efeito, dentro de uma política de gestão coerente do território.

Foi ainda dito que sem o apoio da autarquia de Torre de Moncorvo, não só de agora, mas ao longo de todos estes anos, este trabalho não seria possível, pois o amor à camisola dos membros do PARM, não seria suficiente. Esta mesma ideia foi expressa pelo Professor Adriano Vasco Rodrigues, que felicitou o PARM por todo o trabalho realizado e por estas iniciativas.
Há ainda a referir o apoio que foi dado, noutros tempos e para trabalhos de campo, pelo ex-IPPC, depois IPPAR, e ex-FAOJ, depois IPJ (Instituto Port. da Juventude).

Um aspecto da audiência que acorreu ao Museu para participar na sessão e visitar a exposição


A terminar, os presentes puderam visionar uma apresentação de imagens de diversos sítios arqueológicos e outros valores patrimonais do concelho de Torre de Moncorvo, montada por Rui Leonardo, com imagens do Arquivo Fotográfico do PARM, algumas com mais de 20 anos. Assim, alguns desses vestígios, nomeadamente de velhos caminhos medievais, já foram irremediavelmente perdidos, tendo apenas ficado silenciosas fotografias a preto e branco. Algumas dessas mesmas imagens podem ser apreciadas na Exposição "VESTÍGIOS... " que continua patente no auditório do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, aguardando a sua visita!

Vandalismo em redor da igreja matriz de Torre de Moncorvo

A igreja matriz de Torre de Moncorvo, monumento nacional desde 1910, é, justamente, o ex-libris desta vila. Uma obra grandiosa que custou um esforço colossal aos nossos antepassados, que carregaram alguns milhares de toneladas de pedras de granito, desde pedreiras algo distantes, localizadas algures no termo do Larinho, com os meios rudimentares da época (carros de bois), e as esculpiram à mão, com o saber e a arte de homens que tiveram uma longa aprendizagem, normalmente passada de pais para filhos ou de mestres para discípulos.
Por tudo isto, independentemente do aspecto religioso, este monumento deveria merecer-nos o maior RESPEITO. Todavia, infelizmente, como bem diz o nosso conterrâneo e Amigo, Professor Rentes de Carvalho, parece que o respeito morreu, ou, no mínimo, se "acanalhou" (ver, a propósito: http://tempocontado.blogspot.com/2009/08/respeitinho.html)

Vem este arrazoado a propósito dos diversos atentados de que a nossa igreja tem sido vítima. Há uns anos a esta parte, são os "graffitis" nas traseiras, cujos casos já têm culminado em Tribunal, dando lugar depois a complexas e dispendiosas operações de remoção. Tudo isto porque há quem não se preocupe em vender latas de tinta em spray a adolescentes "inconscientes" e, por outro lado, estes, parece que cada vez mais inconscientes e desresponsabilizados, não encontram melhor lugar do que este para escreverem o que lhes vem à cabeça.

Mas, para além dos "graffitis", agora são também os elementos escultóricos que são atingidos. No ano passado (2008) foi atirado abaixo um pináculo rematado por uma bola de pedra, tendo partido, ao cair. alguns degraus das escadas de acesso ao adro, próximo da fachada principal.
Mais recentemente, a empresa que fez a obra de rectificação do adro do lado Poente, deixou outros pináculos e respectivos remates esféricos em granito, encostados às traseiras da igreja. Os jovens noctívagos não encontraram melhor passatempo do que rolar as bolas de pedra pelas ruas da vila, obrigando posteriormente à sua recolha no alpendre do lado Sul.
No entanto, como parece que não houve quem tivesse solicitado à dita empresa o resguardo dos ditos elementos escultóricos, temporariamente retirados dos seus locais próprios, para onde ninguém lhes mexesse (como p. ex. o referido alpendre do lado Sul), era facilmente previsível que a sanha vandálica se viesse a exercer sobre estas peças. Resultado: foi há dois dias partido um dos pináculos, o mesmo podendo acontecer com os dois restantes.
De resto, parece que a falta de cuidado da empresa que executou a obra (muito deficientemente, diga-se de passagem), já tinha estropiado a extremidade de um dos remates triangulares de um dos pináculos.
A peça derrubada acabou por partir-se em três fragmentos, sendo agora praticamente impossível de se emendar, pelo que a solução terá de passar pela substituição da peça antiga por uma nova, sem valor histórico. É caso para se dizer que em Portugal, onde não houve guerras com a violência da Guerra Civil espanhola, nem fomos atingidos pelas Guerras Mundiais, conflitos que lesaram gravemente o património do resto da Europa, a pontos de serem poucos os monumentos que possuem integralmente originais, nós por cá, não tendo isso, temos em contrapartida a ignorância e a falta de cidadania de um povo que não estima nem ama o seu Património.
E quando julgávamos que as gerações mais novas poderiam ter outra atitude, deparamo-nos com estas tristes situações.
Há ainda os vidros de garrafas partidos, juncando o adro, a urina e a conspurcação pelos cantos.
Defendemos, em dado momento, que uma forma de animar o Centro Histórico seria a abertura de bares e cafés, com respectivas esplanadas, que atraísse gente, nomeadamente juventude para estas zona, como víramos em outras cidades europeias e peninsulares (p. ex. Salamanca, Santiago de Compostela, etc.). Hoje estamos a pontos de rever essa nossa ideia e a confessar a nossa desilusão, quando constatamos o impacto negativo que está a acontecer no Património e no asseio das vias públicas, para além do adro da igreja.

Na ausência de civilidade, é caso para se perguntar: por onde andam as autoridades?
Sendo certo que não é com repressão que se resolvem estes problemas, mas sim através do processo educativo (que começa em casa) e pela consciencialização progressiva, não deixa de ser também verdade que uma maior vigilância poderia dissuadir certo tipo de desacatos e de "divertimentos"...
Talvez também seja necessário rever os horários destes bares, nesta zona.

Bem perto deste muro do adro há caixotes metálicos onde se poderiam meter as garrafas vazias (algumas ainda semi-cheias). Fica o apelo aos jovens: será que é muito difícil meterem este vasilhame nos ditos contentores?

Por outro lado, não seria melhor acariciar as pedras antigas, em vez de as deitarem abaixo, deixando cicatrizes insanáveis em degraus desgastados pelo tempo e pelos milhões de pés que por eles passaram, dando-lhes precisamente esse valor histórico que lhes vem da sua antiguidade?
O que temos agora são pedras magoadas, como magoadas são estas nossas palavras, ao constatarmos esta falta de respeito pelo que é nosso, pelo que é de todos, pelo monumento mais importante que sempre deu carácter a esta vila...
Fica o apelo: divirtam-se, mas sem estragar! Respeitem um Património que é vosso também, Ok?