quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Novos contributos para as bibliotecas do Museu e do PARM

1 - Chegou-nos recentemente um assinalável contributo para a Biblioteca/Centro de Documentação do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, composta por um conjunto de livros técnicos relacionados com geologia e minas, generosa oferta do Sr. Engº João Pedro Monteiro de Barros Cabral e esposa, D. Maria de Fátima Goulão da Costa Brito Cabral (residentes em Cascais).
Este contributo é ainda mais importante por terem feito parte da biblioteca de seu tio, Eng.º Gabriel Monteiro de Barros, o director técnico das Ferrominas desde 1951 até ao final desta empresa mineira (1992), e que foi também sócio honorário do PARM. Aqui deixamos os nossos agradecimentos por esta doação, composta pelo manual de Robert Peel, Minning Engineer’s Handbook, 3ª Ed., 1952, 2 vols., da Wiley Handbook Séries, e os seguintes livros: Abrégé de Géologie, de autoria de A. de Lapparent (Paris, 1907); O Ferro, de Amaro Guerreiro (biblioteca Cosmos, Lisboa, 1948); e Topografia prática e agrimensura, de autoria do Coronel Guedes Vaz e Major Mousinho d'Albuquerque (ed. de Livrarias Aillaud e Bertrand, Paris-Lisboa, s/d).


2 - Foram também adquiridos, num alfarrabista do Porto, quatro manuais de bastante interesse sobre Topografia mineira (de autoria do Eng.º Mendes da Costa), e metalurgia, designadamente do ferro, a saber: de J. Rosich, Tecnologia del hierro y principales metales; de E. L. Rhead, Metalurgia; e de B. Whiteley, Commom Commodities and Industries – Iron Founding. São obras técnicas fundamentais para a compreensão dos processos tecnológicos da Era industrial (1ª metade do séc. XX), pelo que serão integradas na Biblioteca /Centro de Documentação do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo.



3 - Também para a Biblioteca/Centro de Documentação do Museu, foi oferecido pelo Eng.º Aires Ferreira 1 exemplar, em edição fac-similada, da Memória sobre a História Moderna da Administração das Minas em Portugal, do Barão de Eschwege. - A edição original desta obra é de 1838, e não de 1938, como erroneamente saiu no frontispício desta edição, que foi patrocinada pela Direcção Geral de Energia e Geologia, em 2007.


4 – Outro contributo muito importante para a Biblioteca/centro de Documentação do Museu veio de José Luís Gonçalves, um jovem recentemente formado em Design e Multimédia pela Universidade da Beira Interior, que nos ofereceu um catálogo fotográfico (fotos p/b), de sua autoria, intitulado Escombros – As minas de Trás-os-Montes, livro acompanhado de um CD e um painel em biombo com várias ampliações fotográficas, realizados no âmbito de um trabalho de curso.
O autor nasceu no Porto em 1985, tendo passado a maior parte da sua vida em Bragança, e encontrando-se a trabalhar presentemente em Coimbra, onde constituíu uma empresa de Design e Multimédia, com outros colegas. O trabalho que nos ofereceu, altamente meritório, pode propiciar uma excelente exposição no nosso Museu. Aqui ficam os nossos parabéns e o nosso agradecimento por este gesto, que muito nos sensibilizou.


5 - Para a Biblioteca do Museu foi adquirido o livro Tecnologia da Fundição, de José M. G. de Carvalho Ferreira (edição da Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª ed., 2007), com o objectivo de colher informação para se melhorar a apresentação que está patente ao público, em suporte informático, na sala do Ferro do Museu.


6 - Para a Biblioteca do PARM, foi adquirida a importante obra: Memórias Económicas da Academia Real de Ciências de Lisboa – 1789-1815, em cinco volumes (edição do Banco de Portugal). Esta obra integra a colecção “Clássicos do Pensamento Económico Português", e tem vários artigos de interesse onde se faz referência ao estado das manufacturas e da mineração na era pré-industrial, com alusão às ferrarias da Chapa-Cunha (Mós, Torre de Moncorvo) e Foz do Alge (Tomar), além de inúmeros artigos sobre o estado da agricultura nesse período, com propostas para o seu desenvolvimento.
Aqui se inclui uma importante memória sobre a Agricultura moncorvense nos finais do séc. XVIII, pelo Dr. José António de Sá, que foi o célebre corregedor da comarca de Moncorvo, autor de várias medidas de fomento (como a plantação de amoreiras por causa da criação do bicho da seda, por toda a comarca) e limitação de certos “abusos” por parte das câmaras, que eram gravosas para a liberdade dos povos e obstáculos ao Desenvolvimento, na opinião do autor.


7 – Igualmente para a Biblioteca do PARM recebemos do nosso sócio Armando Gonçalves outro relevante contributo, que foram oito números da revista Archeologia, dos anos 1978-1980. Trata-se de uma revista que se publicava em Dijon, França, e se destinava ao grande público, com temáticas que iam desde trabalhos arqueológicos, descobertas, problemáticas científicas, e património em geral, tratadas com bastante rigor.


8 - Ainda para a Biblioteca do PARM o sócio Rui Leonardo ofereceu um Dicionário Escolar da Terra, de autoria de John Farndon, Ed. do Círculo de Leitores, obra de interesse para a iniciação à Geologia e Geografia, especialmente para alunos das escolas.



* * *
Agradecemos encarecidamente os contributos decorrentes de ofertas e apelamos aos sócios e outros beneméritos para que nos ajudem a enriquecer as Bibliotecas do PARM e do Museu do Ferro (neste caso, com livros mais especializados, na temática de geologia, minas e metalurgia).


As obras mencionadas podem ser consultadas nas Bibliotecas do PARM e do Museu, nomeadamente aos Sábados e Domingos.

À falta de uma sala de leitura mais espaçosa, os sócios e outros interessados podem levar os livros até ao Auditório do Museu, aproveitando para ver as exposições patentes e podendo tomar um café.


Aguardamos a vossa visita!!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Registo fotográfico e filmagem da Tipografia Globo (Torre de Moncorvo), no contexto do projecto: “Profissões, Actividades e Artes Tradicionais”


Procurando registar as histórias de vida de pessoas comuns, assim como processos técnicos em vias de desaparecimento por motivos de evolução da técnica (o fatal Progresso!), ou em resultado da desertificação humana que atinge interior de modo geral, o PARM pretende desenvolver um projecto de trabalho intitulado: “Profissões, Actividades e Artes Tradicionais de base rural, artesanal e industrial em vias de extinção”.

Neste projecto cabem os levantamentos já iniciados sobre os Ferreiros e Mineiros da região, que, como seria de esperar, devido à temática do Museu do Ferro, serão alvo de inquéritos mais sistemáticos e desenvolvidos. No entanto, há que não esquecer as histórias de vida das pessoas que viveram ou vivem da lavoura, da pastorícia, ou de actividades como pedreiros, carpinteiros, sapateiros, cesteiros, padeiras, doceiras/cobrideiras de amêndoa, ou outras.

Neste caso, em “outras”, incluímos uma actividade que já existiu num período florescente da história de Torre de Moncorvo, nos finais do século XIX/inícios do séc. XX (quando se chegou a publicar mais do que um jornal nesta vila) e que, tendo passado, voltou a ressurgir na 2ª. metade da década de 70 do séc. XX.

Anúncio publicitário da Tipographia do jornal O Moncorvense, de 28.10.1894, sita na Rua do Cano (actual R. Visconde de Vila Maior)


Anúncio da Typographia de Accacio de Sousa Pennas, sita no Largo General Claudino, em Torre de Moncorvo, publicado no jornal Torre de Moncorvo, cerca do ano 1900.

Estamos a falar, como já perceberam, da nobre arte da tipografia, que regressou a Torre de Moncorvo com a Tipografia Torre, por volta de 1978, localizada no Largo Diogo de Sá, pela mão da sociedade Irmãos Afectos (“retornados” de Moçambique), tendo como tipógrafo o Sr. José Martins (conhecido por Zé Carmachinho, devido a uma alcunha familiar), também ele “retornado” de África.

A tipografia Torre foi depois adquirida por um empresário do sector, sedeado em Mirandela, que para aqui destacou como funcionário o Sr. Tony, o qual viria a transferir a tipografia para o local onde ainda se encontra, na rua Visconde de Vila Maior, mudando-lhe o nome para Tipografia Globo. Entretanto, antes ainda dessa transferência, entrou para a tipografia o Sr. Manuel Barros, actual proprietário (desde 1992), trabalhando com ele outro profissional, o Sr. Morais, também já com longos anos de casa.

Logotipo actual da Tipografia Globo.


Possuindo duas máquinas impressoras Heidelberg, datáveis da 2ª. metade dos anos 50 do século XX, a tipografia Globo utiliza ainda os métodos de composição tipográfica no exacto sentido da palavra, ou seja, utilizando “tipos” (caracteres ou letras às avessas, moldadas em ligas de chumbo e níquel), os quais são alinhados manualmente, num trabalho de perícia e paciência, requerendo uma boa visão. Feitos os ajustamentos da composição dentro de um aro em ferro chamado “rama”, e metido o conjunto na chamada “almofada” da impressora, é um verdadeiro espectáculo ver e ouvir o matraqueado da máquina, puxando as folhas de papel, atirando-as contra a “almofada” onde são tintadas, e arrumando-as lateralmente. É o momento sublime, quando a tipografia se carrega de uma atmosfera mágica, envolta no característico cheirinho a tinta fresca…

Sr. Manuel Barros, inserindo a "chapa" na máquina impressora.

Há depois os “acabamentos” como os cortes em guilhotina eléctrica, a agrafagem, em máquina também eléctrica. Aqui se imprimem sobretudo livros de facturas, ou outros impressos de escrituração comercial, cartazes, folhetos, etc..

No dia 18 de Fevereiro de 2008, aproveitando o ensejo de um trabalho jornalístico realizado pela repórter e jornalista Carla Gonçalves (do Mensageiro Notícias) uma equipa do PARM procedeu a um registo fotográfico e em vídeo digital do funcionamento desta tipografia, através do depoimento dos Srs. Manuel Barros e Morais, a quem agradecemos esta oportunidade de perscrutar uma arte fascinante, embora em risco de soçobrar por falta de rendimento suficiente. Por este motivo, apelamos aos nossos sócios para que divulguem e encaminhem trabalhos para a tipografia Globo, porque ela é um património vivo da nossa vila e, como tal, deveria ser classificada como Valor Concelhio.

Sr. Morais organizando os "tipos" no momento da "composição".


Novas plantações no jardim do Museu do Ferro

Em prenúncio de Primavera, é tempo de plantação de árvores e outras espécies.
Depois dos buxos, desta feita coube a vez a dois teixos, também oferecidos pelo nosso presidente da direcção, Engº Afonso Calheiros.
Ficaram localizados na orla do pequeno prado ao fundo dos jardins do Museu.

O nome científico do Teixo é: Taxus baccata L.
Segundo o Guia de Campo - As árvores e os arbustos de Portugal continental (editado pelo Público, FLAD e LPN, com a coord. científica de P. Bingre, D. Espírito Santo, P. Arsénio e T. Monteiro-Henriques), é descrito assim: “espécie arbustiva ou arbórea dióica, de copa piramidal ou alargada, até 20 m de altura. Tronco com ritidoma castanho-avermelhado que se destaca em tiras. Folhas: lineares, verde-escuras, glabras, curtamente pecioladas, alternas, dispostas num plano (disticadas) por torção do pecíolo, com 10-30 x 1,5-2,5 mm e uma nervura média saliente que termina num pequeno mucrão (…). Habita: áreas pouco sacrificadas pelo fogo, normalmente localizadas na proximidade de cursos de água, nas serras altas do Norte e Centro. (…) toda a planta é muito tóxica exceptuando o arilo carnudo. Do teixo extrai-se o taxol, substância utilizada no tratamento de vários tipos de cancro, só recentemente produzida por hemisíntese química. A madeira do teixo é muito dura, resistente e elástica; muito procurada para trabalhos de marcenaria; no passado era uma das madeiras mais utilizadas no fabrico de arcos para a guerra e a caça. Muito frequente em jardins, com numerosas cultivares de interesse ornamental”.
Existe a planta macho e fêmea, ambas representadas no jardim municipal de Torre de Moncorvo e agora também no jardim do Museu do Ferro.

Segundo a mesma fonte (Guia de Campo - As árvores…), o teixo é uma das árvores de maior longevidade, podendo durar 1.000 anos! Por isso era considerada pelos celtas da
Irlanda “a mais antiga das àrvores”, segundo o Dicionário de Símbolos de J. Chevalier e A. Gheerbrant.

Nesta mesma obra, diz-se que “o teixo é, no mundo celta, uma árvore funerária e a Irlanda utiliza-o algumas vezes como suporte da escrita ogâmica (…). A madeira do teixo é por vezes utilizada também pela sua dureza no fabrico de escudos e lanças, o que denota também um simbolismo militar. Ibarsciath(escudo de teixo) é o nome de um jovem guerreiro irlandês e alguns nomes étnicos gauleses (Eburovices, combatentes do teixo, hoje Evreux) confirmam esta impressão. Não obstante, a propriedade essencial que parece ter ficado na base do simbolismo desta árvore é a toxicidade dos seus frutos. César cita o exemplo de dois reis gauleses dos Eburões que, depois de vencidos, se matam com teixo. A roda do druida mítico Mog Ruith (servidor da roda), que é uma roda do Apocalipse, era também de madeira de teixo. Eochaid (Ivocatus, que combate o teixo) é, por fim, um dos nomes tradicionais do rei supremo da Irlanda”.
Tudo boas razões para termos esta árvore nos jardins do Museu, esperando que ela ainda aí esteja daqui a uns 1.000 anitos...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Inauguração da Exposição "tit-didelit-tit", de autoria de Cristina Camargo


Aqui ficam algumas fotografias da inauguração da exposição de pintura, da autoria de Cristina Camargo. Fica o convite para a visitarem no decorrer das Festividades da Amendoeira em Flor.





Algumas notas:

Cristina Camargo
Nasceu em Lisboa.

Licenciatura em Artes Plásticas/Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.
Licenciatura em Design Industrial pela ESAD – Matosinhos.
Frequência do Curso de Arquitectura da FAUP
Curso de Formação de Formadores em Design Industrial pela ESAD - Matosinhos.
Colabora regularmente, como artista plástica, com uma equipa pluridisciplinar no Serviço de Reabilitação do Hospital Magalhães Lemos concebendo, dinamizando e orientando os ateliers de cerâmica, pintura, fusão de vidro e reciclagem de papel (desde 1991).
Colabora regularmente como artista plástica na Fundação de Serralves orientando a oficina Espaço de Prática Criativa (desde 1999).
Orienta a Formação na Fundação de Serralves na área de Azulejaria e de Fusão de Vidro.
Colabora, como artista plástica, com outras instituições desenvolvendo oficinas com público diversificado.
Expõe regularmente desde 1990.
Desenvolve trabalho de pintura, azulejaria, fusão de vidro, instalação. Encontra-se representada em colecções em Portugal, Alemanha, Austrália, Angola, Brasil e EUA.

Sobre a Exposição:
"Tit-didelit-tit" é a reprodução do canto de um pássaro mágico, do Brasil, terra natal de sua mãe, a quem a autora dedica algumas obras da exposição.


“Pássaros, que são e não são, dependendo do modo de os olhar. Sutis, tornam-se íntimos, passeiam sobre os nossos corpos, nossas mentes, transmitindo-nos pureza, carinho, talvez, e por vezes agressividade.
O princípio e o fim. Os opostos que se tocam”. – Arabella Camargo. São Paulo, Agosto 2003

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Cursos de Línguas

Caros sócios,

O PARM pretende realizar um mini-curso de línguas, a iniciar com a língua francesa, em Março.

Aceitam-se inscrições (telf. 279252724; mail: parm-moncorvo@gmail.com)

Saudações associativas!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Tit-didelit-tit

Estão convidados para mais uma exposição de pintura de Cristina Camargo, a realizar-se no Auditório do Museu. será inaugurada no próximo Domingo, dia 17 de Fevereiro, ás 15.00 horas.


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Amendoeiras em Flor no Museu


- Pessoal, a Primavera vem aí!

Já começaram a florir as Amendoeiras dos Jardins do Museu! (a primeira a florir, como é normal, é de uma variedade amarga).
Estas árvores têm vindo a ser plantadas desde 2000, no terreno do museu, e sob orientação do PARM, com intuito de se dar o exemplo na preservação de uma espécie emblemática da nossa região, uma vez que o amendoal tradicional tem regredido. Para além disso, pelo Outono, temos vindo a promover as partições ou "partidelas" da amêndoa, como já foi registado neste Blog (ver um "post" de Novembro de 2007).


A prioridade a estas árvores no terreno anexo ao museu teve a ver, também, com a beleza que as mesmas propiciam no período da floração como agora acontece, podendo ser vislumbradas do muro do Jardim/Av. Engº Duarte Pacheco, constituindo um convite a vê-las de perto.
Como vamos ter, em breve, uma exposição de artes plásticas no auditório do museu (e ao ar livre), aqui fica, desde já o convite: veja a exposição e aprecie a flor da amendoeira!

(fotografias tiradas em 10.02.2008 - direitos reservados)

Produtos do Pomar:

Aproveitamos para lhe lembrar que se encontram ainda disponíveis laranjas, tangerinas e limões - produtos biológicos do pomar-jardim do Museu (serão oferecidos a quem quiser, mediante um pequeno contributo para ajuda nas despesas de manutenção deste espaço).

(fotografia tirada em Fevereiro de 2008 - direitos reservados)


(fotografia tirada Abril de 2007 - direitos reservados)

Plantação de Buxo nos Jardins do Museu


"O buxo ou buxinho (Buxus sempervirens) é uma planta da família buxaceae, lenhosa, em geral arbustiva, com folhas inteiras e perenes, freqüentemente opostas, sem estípulas. As flores são de sexos separados e raramente estão em plantas diferentes, sendo monoclamídeas, com 4 tépalas, 4 estames epissépalos. O fruto é capsular, apresentando sementes com carúncula. É espécie originária do Velho Mundo [Europa], sendo muito cultivada para jardinagem" (in: Wikipedia - artigo Buxo).




O buxo, consagrado na Antiguidade a Hades [deus dos infernos, para os antigos gregos] ou a Cibele [deusa da energia encerrada na Terra], era e continua a ser um símbolo ao mesmo tempo funerário e de imortalidade, porque permanece sempre verde ["semprevirens" = sempre verde]. Este significado está relacionado com o uso do buxo no dia de Ramos, nos países nórdicos, em vez das palmas, preferidas nos países quentes , e com o facto de se plantar buxo nas campas. // Além disso, como também tem uma madeira dura e compacta, o buxo simboliza também a firmeza, a perseverança (...) // Os gauleses divinizavam o buxo, símbolo de eternidade. (....) //... nada surpreende que o mesmo arbusto fosse consagrado a Afrodite, a Cíbele, a Hades e simbolizasse ao mesmo tempo o amor, a fecundidade e a morte, dado que é a imagem do ciclo da vida". (in: CHEVALIER, J. & GHEERBRANT, A., Dicionário dos símbolos, Teorema, 1994 - ed. original, 1982, artº. "Buxo")


Nas terras de Miranda, devido à sua dureza, sonoridade e bela cor de marfim, a madeira de buxo é utilizada na confecção das ponteiras das gaitas de fole. Usa-se ainda nos cabos dos célebres canivetes de Palaçoulo, que são um verdadeiro "bilhete de identidade" dos transmontanos. Também nessa área cultural, as ramagens de buxo servem para forrar os andores de oferendas frumentárias, nas festas do Bitoró (Soutelo) e Senhora do Carrasco (Azinhoso), no concelho de Mogadouro. (Sobre este assunto, ver CAMPOS, N., "O 'ramo dourado' e o Bi-tó-ró, como expressão de aclamação do novo rei da festa", in Forum Terras de Mogadouro, 12-39, Mogadouro, 2001)


Existe o buxo de jardim e o buxo em estado selvagem. Quanto ao primeiro é frequentemente utilizado em sebes (por exemplo, no jardim municipal de Torre de Moncorvo) e nos cemitérios (também existe no cemitério desta vila), evidenciando, neste caso, uma curiosa persistência cultural que tem a ver com o simbolismo milenar evocado no artigo do Dicionário de Símbolos, acima citado. O buxo selvagem tem no vale do rio Sabor uma das maiores colónias conhecidas, surgindo ao longo das margens, no chamado leito de cheia (ver a primeira foto acima), pelo que ficará submerso pela projectada barragem. Assim, com o intuito da preservação de uma amostra desta espécie da nossa região, foram plantados no jardim do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo três pés de buxo, oferecidos pelo actual Presidente da Direcção, Engº Afonso Calheiros e Meneses, que os tinha no seu jardim mas que recolhera no vale do Sabor.

Um dos intuitos do PARM, na âmbito da gestão do Museu, foi privilegiar a plantação de espécies da região no respectivo terreno, no sentido da criação de um mini-jardim botânico, ou seja, procurando representar a "biodiversidade num palmo de terra". Neste caso, o buxo agora plantado, ficou ao lado de um medronheiro, espécie característica da serra do Roborêdo - uma forma de associar, pela botânica, duas áreas do maior interesse ambiental e ecológico do nosso concelho: a Serra e o vale do Sabor.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Bom dia,
A Região Portuguesa - DOURO - é candidata a uma das "Sete Maravilhas da Natureza"...Vote!
Coloque o Douro nesta lista mundial!


New 7 Wonders of Nature (clique aqui)

(postado por sócia Sandra Ruge)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

PARM com novos Corpos Gerentes

Realizou-se no passado dia 2 de Fevereiro a Assembleia Geral do PARM (Projecto Arqueológico da Região de Moncorvo), para apreciação dos relatórios de actividades e de contas relativos ao ano anterior, os quais foram aprovados por unanimidade.

Quanto às actividades realizadas, foi destacado pela direcção cessante a realização do ciclo de palestras sobre história e património local, que decorreu ao longo do ano, como forma de se assinalar o 20º aniversário da associação. Foram ainda referidos os passeios culturais temáticos, com alunos das escolas de Torre de Moncorvo, nomeadamente sobre a Rota da Seda/Freixo de Espada à Cinta e Arqueologia Romana/Freixo de Numão, além das actividades relacionadas com a gestão do Museu do Ferro, o qual é gerido pelo PARM em parceria com a Câmara Municipal de Torre de Moncorvo. De seguida foram apesentados os relatórios de Contas do PARM e do Museu pela Bersal, empresa de contabilidade, mediante dados disponibilizados pelo Tesoureiro da Direcção.

O Encarregado do Museu, que é igualmente secretário da direcção, relatou mais pormenorizadamente as acções levadas a cabo pelo Museu, como por exemplo as exposições temporárias e tarefas organizativas internas, com aquisição de vários equipamentos. Disse ainda que se verificou um certo aumento do número de visitantes relativamente aos anos anteriores, tanto para a exposição permanente como para as exposições temporárias, o que considerou muito positivo, tendo em conta o cenário de crise económica que se atravessa.

Seguiu-se a votação da única lista apresentada para os corpos sociais para o biénio de 2008 e 2009, que foi aprovada por unanimidade. Com poucas alterações relativamente ao mandato anterior, os corpos sociais passaram a ter a seguinte composição:
Mesa da Assembleia Geral - Eugénio Cavalheiro;
Secretário - Arnaldo Silva;
Vogal - Rui Teixeira.
Presidente da Direcção - Afonso Calheiros e Meneses;
Tesoureiro - António Botelho;
Secretário - Nelson Rebanda;
1º. Suplente - Rui Leonardo;
2ª Suplente - Liliana Reis.
Presidente do Conselho Fiscal - Helena Pontes;
Secretária - Cláudia Lourenço;
Vogal - Conceição Martins-Wazir.

Quanto ao plano de actividades para o corrente ano, a direcção eleita propõe-se dar continuidade aos trabalhos em curso, tendo como prioridade a gestão do Museu do Ferro, uma vez que a valência “Museu” foi sempre assumida pela associação, desde os seus primórdios, como o corolário lógico da sua actividade. Neste campo, foi definida a continuação dos levantamentos sobre os antigos mineiros de Moncorvo, sobre os Ferreiros e Ferradores e sobre as Minas de Trás-os-Montes e Alto Douro (toda a informação está a ser organizada em base de dados informatizadas). Para o corrente ano está prevista uma exposição temporária sobre as minas de Ferro de Moncorvo, que servirá de complemento à exposição permanente dedicada ao Ferro. Por essa ocasião, intenta-se realizar um encontro dos antigos mineiros da Ferrominas, que poderão contribuir com preciosas informações sobre o modo de vida no tempo de laboração das minas, as quais foram encerradas nos meados da década de 80 do século XX.

Ainda no que toca ao Museu, o PARM espera reunir condições para a sua inclusão na Rede Portuguesa de Museus, sobretudo depois das obras de manutenção a realizar brevemente no edifício onde se encontra instalado, conhecido como solar do Barão de Palme.

No que respeita a outras actividades, a associação não perde de vista a preservação do património arqueológico e construído da região, em especial do vale da Vilariça, que se encontra ameaçado pela construção do troço de um IP2, como já foi noticiado. Foi ainda defendido que o espólio resultante de trabalhos arqueológicos no vale do Sabor, em consequência da barragem prevista para essa zona, deve ficar na região, em especial no Museu existente. Pretende-se que este seja representativo não só da temática do Ferro, mas também do conjunto da História local, de que a história do aproveitamento do ferro é apenas uma parte, embora muito significativa, e que justifica, aliás, o tratamento “ex-librístico” que lhe é dado.

Face às grandes obras referidas, foi salientada a necessidade de se preservarem, recuperarem e valorizarem as ruínas da vila morta de Santa Cruz da Vilariça, um povoado fortificado medieval que teve foral de D. Sancho II (em 1225) e que está na génese da actual vila de Torre de Moncorvo, após a doação do foral de 1285, por D. Dinis. Segundo a direcção do PARM, quanto a este sítio, deveria haver um projecto de salvaguarda com apoio do Estado, visto que é Monumento Nacional, mas também com a comparticipação dos promotores das referidas obras que vão afectar a envolvente paisagística das ruínas, para além do poder local, a quem a fruição turística do sítio naturalmente interessa. Este interesse pode-se estender também aos proprietários do imóvel (sociedade agrícola da Quinta da Portela), que deverão ser, aliás, os primeiros interlocutores de todo o processo.

Entre outras actividades constantes do Plano, figuram a preparação de publicações diversas e a necessidade de se apostar na educação patrimonial e ambiental, através de passeios pedestres e de contacto com a Natureza (com observação da flora, fauna e avifauna no seu meio natural). Estas são áreas em que o novo presidente da direcção, o engenheiro florestal Afonso Calheiros e Meneses se encontra perfeitamente à vontade, tendo em conta o seu currículo e as suas funções num parque natural da região.

No ponto final sobre "Outros Assuntos", o Presidente da Assembleia Geral e o Secretário da Direcção, informaram os sócios sobre o processo atribulado do Museu do Douro, que conduziu ao afastamento do Prof. Gaspar M. Pereira, por parte da Fundação Museu do Douro. Foi notado que o Prof. Gaspar é sócio do PARM desde há muitos anos e que durante a sua direcção houve sempre o melhor relacionamento com o Museu do Douro, o que motivou a Homenagem feita em Junho. Com a nova direcção do referido Museu, o Museu do Ferro foi ignorado no processo de constituição da rede de Museus do Douro. Todavia, foi dito que a recente mudança da Direcção da Associação dos Amigos do Museu do Douro se esperavam algumas mudanças para bem do projecto do Museu do Douro e da região duriense que integramos. Foi depois referida a posição tomada pela associação face à proposta do novo traçado para o IP2, que vai afectar vários sítios arqueológicos do Vale da Vilariça. O sócio Dr. Nuno Edgar também interveio com um conjunto de propostas, a saber: a necessidade de se estabelecerem parcerias com outras associações; criação de um boletim da associação e de um “site” para divulgação de actividades; criação de uma loja de produtos regionais (loja electrónica), apostando na gastronomia. Foi ainda abordada a questão das convocatórias e da Revisão do Regulamento Geral Interno, sendo nomeada uma comissão para tratar deste assunto.